Hoje não há um só coqueiro na praça, e o nome oficial voltou a ser Córrego do Abençoado. Mas durante muitos e muitos anos o lugar se chamou Dez Coqueiros. Consta que, nos anos setenta, dos mil e oitocentos, quando o Segundo Reinado estava no auge, dez homens de uma mesma família foram mortos, no prazo de três anos. E no mesmo prazo, em um terreno vazio, do patrimônio da Igreja de Santa Luzia dos Santos Cegos, foram plantados, por mãos desconhecidas, dez coqueiros da raça macaúba, ali chamados de bocaiúva. Os coqueiros formavam um quadrado, com dois no meio. Ninguém, naquele tempo, relacionou o aparecimento dos coqueiros com a morte dos Vieirinha. O diminutivo era só do patriarca, pelo miúdo que era, mas passou a ser de todos os outros, filhos e genros.
Um dos Vieirinha, o mais novo de todos, foi salvo do extermínio, ninguém sabe como. Para uns, ele fugiu; para outros, foi levado pelo padre ou pelo comprador de gado, mas ninguém sabe ao certo. Como ninguém soube, ao certo, quem matara a família, ainda que houvesse boatos, nunca confirmados. As mulheres, de luto fechado, morreram sem matrimoniar ninguém; as viúvas, sempre de cara amarrada, as moças envelhecendo beatas e beatas morrendo.
Em 1920 apareceu na cidade rico forasteiro, comprador de terras. Além de uma fazenda, comprada em nome alheio, fez negócio com a igreja, ficando com o terreno dos Dez Coqueiros. Para a estranheza dos muito mais velhos – já se haviam passado quase 50 anos da morte dos Vieirinha – começaram a morrer os homens da família dos Alves, e ninguém se deu conta de que sempre que um deles era enterrado, o vento derrubava um dos coqueiros velhos. Antes do Natal, o padre recebeu documento de devolução, sem ônus para a Igreja, do terreno dos Dez Coqueiros e – e o forasteiro desapareceu.
Foi depois disso que o arraial – hoje cidade - voltou a chamar-se Córrego do Abençoado.
Um dos Vieirinha, o mais novo de todos, foi salvo do extermínio, ninguém sabe como. Para uns, ele fugiu; para outros, foi levado pelo padre ou pelo comprador de gado, mas ninguém sabe ao certo. Como ninguém soube, ao certo, quem matara a família, ainda que houvesse boatos, nunca confirmados. As mulheres, de luto fechado, morreram sem matrimoniar ninguém; as viúvas, sempre de cara amarrada, as moças envelhecendo beatas e beatas morrendo.
Em 1920 apareceu na cidade rico forasteiro, comprador de terras. Além de uma fazenda, comprada em nome alheio, fez negócio com a igreja, ficando com o terreno dos Dez Coqueiros. Para a estranheza dos muito mais velhos – já se haviam passado quase 50 anos da morte dos Vieirinha – começaram a morrer os homens da família dos Alves, e ninguém se deu conta de que sempre que um deles era enterrado, o vento derrubava um dos coqueiros velhos. Antes do Natal, o padre recebeu documento de devolução, sem ônus para a Igreja, do terreno dos Dez Coqueiros e – e o forasteiro desapareceu.
Foi depois disso que o arraial – hoje cidade - voltou a chamar-se Córrego do Abençoado.
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