No déficit de transações externas, de 47,5 bilhões de dólares, insistentemente apontado como um dos maiores desafios econômicos para o Governo Dilma Roussef, o que mais pesou foram os mais de 30 bilhões de dólares das remessas de lucro das multinacionais, boa parte delas enviadas por bancos e empresas de telefonia e eletricidade estrangeiras que aqui aportaram no maior processo de desnacionalização da economia dos últimos 500 anos, promovido e concretizado entusiasticamente pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso.
Essas remessas, que irão aumentar nos próximos anos, acompanhando o crescimento da economia, e que estão ajudando a salvar países quebrados, como Portugal e Espanha, representam recursos que poderiam continuar a circular aqui dentro do Brasil, gerando riquezas e empregos em território nacional, se conglomerados estratégicos como a Telebras não tivessem sido esquartejados e vendidos para o exterior.
O segundo fator, além do câmbio, foi o crescimento dos gastos de brasileiros em países estrangeiros, de mais de 16 bilhões de dólares, graças ao crescimento da economia. Outro dia, em um comentário em uma matéria sobre a perspectiva de desvalorização do real, um internauta argentino comentava que, primera vez, circulam em Buenos Aires “brasileños de color” e que o fato desses turistas negros estarem desembarcando e gastando seus dólares às margens do Prata, só pode ser explicado por uma coisa: a diminuição da desigualdade de renda no Brasil.
Com tudo isso, no entanto, nunca é demais lembrar aos mais afoitos que os oito anos de Lula terminaram com menor déficit externo e maior entrada de Investimento Estrangeiro Direto na comparação com o governo anterior. O resultado da conta de transações correntes nas duas gestões do governo petista somou déficit de US$ 54,97 bilhões, valor 70,5% menor que o observado nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, quando o buraco atingiu US$ 186,16 bilhões. Com uma diferença: Lula terminou seus 8 anos de governo com quase 300 bilhões de dólares em reservas internacionais.
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