A incipiente recuperação da indústria e do varejo e o recrudescimento da crise na Europa, com o risco de um provável pedido de resgate da Espanha, recomendam cautela do governo na hora de cortar mais uma vez os benefícios que tem sido concedidos à produção, como é o caso da redução de IPI para a comercialização de automóveis e de produtos de linha branca.
Antes – e os efeitos ainda estão aí, na prática - o país via-se afetado por uma política monetária ortodoxa, na qual a escalada da SELIC abortou, por diversas vezes, a manutenção de uma taxa de crescimento razoável e constante, fazendo com que a economia se lançasse a inúmeros “voos de galinha”, que depois foram abruptamente interrompidos pela mudança das regras do jogo .
O país, agora com uma taxa de juros mais próxima do razoável, parece ter se livrado da ditadura das cassandras, que, por meio dos boletins Focus, se dedicavam – e ainda se dedicam, infelizmente – ao esporte de promover a piora das expectativas para se beneficiar direta e indiretamente da alta de juros dela decorrente.
A indústria brasileira precisa de regras estáveis para trabalhar em um mundo cada vez mais competitivo, no qual vários países tentam minorar os efeitos da crise empurrando bens de consumo e mercadorias de todo o tipo para o nosso mercado interno.
Manter intocados por pelo menos um ano os incentivos voltados para a recuperação da produção industrial, incluindo a redução do IPI, ajudaria a dar fôlego ao país para encontrar um rumo em meio à tempestade que assola a economia dos principais mercados mundiais.
Mas isso apenas não basta. Nosso mercado interno, incluindo o automobilístico, não pode continuar entregue apenas a multinacionais. Já passou da hora de o Brasil ter concorrentes nacionais nos diferentes setores da atividade industrial, brutalmente desnacionalizados nos anos noventa, como aconteceu, por exemplo, com o próprio segmento de linha branca e o de autopeças.
Outros países do BRICS, como a China e a Índia, partindo do mesmo patamar (sem falar da Coréia e do Japão anteriormente), conseguiram erguer, graças à participação direta e indireta do Estado, poderosas indústrias automobilísticas nos últimos anos, ou simplesmente adquiriram no exterior, aproveitando a crise ocidental, empresas que já estavam no mercado, detentoras de grandes marcas e de tecnologia avançada, como a Volvo, a Jaguar e a Land Rover.
Aqui, com decisão política e recursos do BNDES, poderíamos fazer o mesmo, em aliança ou não com marcas chinesas ou indianas para conquistar a tecnologia que o primeiro mundo parece não ter o menor interesse em nos deixar desenvolver neste momento.
Caríssimo Mauro Santayana, bom dia.
ResponderExcluirO Instituto Jackson Lago organiza uma homenagem a Neiva Moreira e solicita sua autorização para publicar o texto de sua autoria, veiculado no JB, "Neiva e o compromisso político do jornalista". O texto integrará livro coletivo.
Respeitosamente,
Jhonatan Almada
Instituto Jackson Lago
Bom dia, Jhonatan Almada. Está dada a autorização. Avise por favor quando sair a publicação.
ResponderExcluirUm abraço,