O Comitê de Inteligência do Congresso
dos Estados Unidos divulgou, nos últimos dias,
relatório em que acusa os fabricantes chineses de equipamentos de
telecomunicações ZTE e Huawei, de produzirem material passível de ser utilizado
em ações de espionagem contra o governo norte-americano.
Os EUA são useiros e vezeiros em
espionar a rede e os sistemas de telefonia com programas que captam
palavras-chave que imaginam estar ligadas a mensagens supostamente emitidas por
organizações “terroristas” ou governos estrangeiros hostis.
As acusações foram prontamente
refutadas pelas empresas. De acordo com seus portavozes, o objetivo do
relatório é prejudicar o acesso de seus produtos ao mercado norte-americano. O
episódio serve para nos mostrar a crescente ligação entre segurança nacional e
telecomunicações. Desde a privatização do sistema, temos nos descuidado dessa
preocupação com a nossa estratégia nacional de defesa.
Nos anos 1990, a Telebras foi
criminosamente esquartejada, vendida e desnacionalizada pelo Governo Fernando
Henrique Cardoso. E a sua recuperação parcial está sendo sabotada.
Até mesmo os satélites Brasilsat, por
cujos canais passa a comunicação de nossas Forças Armadas, vital em caso de
conflito, foram entregues ao controle
estrangeiro, mediante a Embratel.
O Grupo francês Alcatel-Lucent acaba de anunciar um contrato com a empresa
norte-americana Seaborn Networks, para a instalação de um cabo ótico submarino,
de 100 gigabites, entre Nova Iorque e São Paulo, com conexão em Fortaleza.
Curiosamente, o executivo-chefe da
Seaborn Networks, Larry Schwartz, é citado, na página principal do site da
própria empresa, como um especialista cujos artigos são rotineiramente
publicados em páginas ligadas ao “establishment” estratégico-nacional
norte-americano, como o Council of
Foreign Relations (Conselho de Relações Externas) e o Center for International Security
& Arms Control (Centro de Segurança Internacional e de Controle de Armas)
da Universidade de Stanford.
Pouco importando o teor dos artigos de
Mr. Schwartz, estamos na iminência de ter, nos próximos anos, nosso tráfego de
internet, de transmissão de dados e de voz, com os Estados Unidos e (via EUA) com o resto
do mundo, fisicamente controlado, e eventualmente filtrado e monitorado, por
uma empresa estrangeira. Essa empresa, sediada
em país estrangeiro, é comandada por um
especialista norte-americano ligado ao universo da “segurança internacional” e
da tecnologia da informação. A ANATEL, que teoricamente deve autorizar a
instalação do cabo em território brasileiro, tem conhecimento disso? Essa
ligação submarina faz parte, por acaso, das quatro que estão previstas para ser
instaladas pela Telebrás nos próximos anos? Com a palavra, o nosso Congresso.
Não o dos Estados Unidos.
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
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