Daqui a 30 dias, em 16 de novembro,
será inaugurada, na Espanha, a Cúpula Ibero-americana de Cádiz.
O ibero-americanismo
corresponde a uma tentativa – frustrada, diga-se de passagem – da Espanha, de
desafiar e tentar sabotar a posição do Brasil que, por meio de mecanismos como o Mercosul, a UNASUL e o Conselho
de Defesa Sul-americano, se tornou o eixo da integração e da união continental.
Cádiz foi escolhida para o evento
deste ano durante a Reunião Ibero-americana de Santiago do Chile, em 2007,
quando o Rei Juan Carlos, ao lado de Zapatero, pronunciou o famoso “por que no
te callas ?” dirigido ao Presidente da
Venezuela e ouviu contundente resposta,
que pode ser encontrada na internet, em vídeo, mas que não foi tão divulgada pelos
meios de comunicação quanto foi a pergunta atrevida do Rei.
Em 2007, a Espanha, embalada
pelo dinheiro farto, a fundo perdido, da Comunidade Européia, e pelos
empréstimos conseguidos a juros baratos que lhe permitiram comprar várias
empresas sul-americanas - na farra da privatização dos anos 1990 - acreditava
que entraria para o G-8, como a oitava
economia do mundo.
Hoje, Madrid busca, com afã de sua diplomacia,
contando nos dedos, a presença de mandatários sul-americanos na Cúpula de
Cadiz, a fim de evitar que o “ibero-americanismo” morra ali, depois de
quase ter perecido no encontro de
Assunção do ano passado, ao qual não compareceram os principais dirigentes latino-americanos
- entre eles Dilma, Cristina Kirchner, e o próprio Chavez.
O México, que compartilha com a
Espanha incômodo cada vez maior com o
crescimento econômico e geopolítico da América do Sul, enviou seu Presidente de
então. E, não satisfeito, depois se aliou à Espanha, esta como “convidada”,
para lançar, com o Chile de Piñera, a “Aliança do Pacífico”, uma organização
que não consegue esconder seu verdadeiro objetivo – apoiado, entusiasticamente,
pelos EUA – o de “rachar” a América do Sul, criando alternativas à UNASUL e ao
Mercosul, para diminuir a influência brasileira no continente.
Hoje, a correlação de forças entre a
Espanha e o Brasil mudou totalmente. Madrid – infelizmente para o povo
espanhol, que está sofrendo muito mais
com a crise que suas “elites” – acumula uma enorme dívida pública, privada e financeira.
O desemprego está em 26%, e calcula-se que, desde 2009, um terço do capital do
país tenha deixado suas fronteiras, e um milhão de pessoas tenham feito o
mesmo, a um ritmo, conforme divulgou a imprensa espanhola na semana passada, de
200 espanhóis por dia.
A Catalunha, e o país basco, querem
votar sua independência. A Standard & Poors acaba de rebaixar de novo a
nota da dívida soberana, e, ontem, fez o mesmo com um grupo de 19 instituições
financeiras espanholas, inclusive dois grandes bancos que operam aqui no
Brasil, no varejo. A Presidente Dilma já disse que vai a Cádiz em novembro. Sejamos
solidários com o povo espanhol neste momento. Mas não deixemos de continuar
defendendo – frente às suas “elites”-
nossos interesses.
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