Mesmo traumatizado pelos ataques
apocalípticos de Hiroxima e Nagasáki, quando, pela única vez na História – e
esperamos que seja realmente a única – a fissão nuclear foi usada como arma de
guerra, o Japão do pós-guerra viu-se obrigado, durante várias décadas, a valer-se
da energia elétrica produzida por usinas atômicas. Sem fontes de energia fóssil
– e esta foi uma das causas de seu conflito com os Estados Unidos – o Japão
teve de valer-se de reatores a fim de garantir a reconstrução do país e o desenvolvimento
de sua indústria.
O tsunami de 11 de março de 2011, no
entanto, mudou a situação. Nesse dia, 15 minutos depois de um terremoto perto
da costa do Japão, onda de 14 metros ultrapassou o
dique de contenção da usina atômica de Fukushima. Todas as instalações, incluídos os geradores responsáveis pelo
resfriamento dos reatores, foram inundadas. Os reatores se superaqueceram,
enquanto a destruição parcial dos edifícios e a radiação dificultavam a chegada
de equipes de reparo.
Houve
a fusão parcial do núcleo nos reatores 1, 2 e 3 e diversos surgiram focos de incêndio
em toda a planta. Uma área de 20 a 50 quilômetros da
usina ficou contaminada, a utilização de água potável pela população teve que
ser suspensa devido à radiação e milhares de pessoas podem ter tido a sua saúde
afetada, de forma definitiva, pelo resto da vida. Como resposta às falhas
detectadas na resposta ao acidente, o governo japonês criou uma nova agência de
segurança atômica, e, nesta semana, aprovou o plano para eliminar
definitivamente o uso da energia nuclear até o ano de 2030, desativando,
paulatinamente, todas as usinas do país.
Abandonar o uso da energia nuclear é
um processo complexo e caro, que custará bilhões e bilhões de dólares ao Japão,
mas o país não é o único a fazê-lo. A
Alemanha tomou a mesma decisão, de
fechar todas as suas usinas até o ano de 2022, em maio de 2011, logo depois do
acidente com a usina nuclear japonesa. Enquanto a Alemanha e o Japão, países
cuja capacidade tecnológica ninguém contesta, decidem que a única saída para
não correr risco com a energia atômica é abandonar o seu uso, aqui no Brasil,
prossegue a construção da Usina de Angra
III. em alguns círculos científicos, a nova usina já está sendo apelidada de
Fukushima II. Segundo especialistas, ela está situada no lugar errado, foi mal
projetada, com tecnologia antiquada, de muitos anos atrás, antes da queda das
Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001 - e do próprio acidente com a usina de
Fukushima, que, como a usina brasileira,
se erguia à beira-mar.
Construir Angra, com a mesma
tecnologia obsoleta, não vai fazer o país avançar nesse campo. Não podemos
continuar insistindo em uma solução
suja, cara e perigosa, quando os países
mais avançados estão prestes a descobrir
a energia limpa e duradoura da fusão nuclear.
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