De acordo com os astrofísicos, o plano da eclíptica, com relação às estrelas fixas, oscila alguns graus, sempre em direção ao oeste do planeta, e é essa oscilação que altera os processos geológicos. A última oscilação, ocorrendo já na idade do homem, é registrada pelos vários mitos, da América ao Extremo Oriente, passando pelas ilhas habitadas no Pacífico.
Santillana, que escreveu esse livro maior tendo a colaboração da professora alemã Hertha Von Dechend, relaciona o mito à estrutura do tempo, e ousa a tese de que “o mito nasceu da ciência, e só a ciência pode explicá-lo”.
De acordo com alguns estudiosos da escritura maia, a previsão de que o mundo acabará hoje se fez há quase seis mil anos, o que lhe daria credibilidade.
De certa forma é alentador que muitos se preocupem com o fim do mundo, e procurem dele escapar, buscando refúgios imaginários. É outro mito, o mito de que há salvação contra a extinção da Terra. Se assim é, podemos ter alguma esperança, fundada na aspiração humana de que a espécie sobreviva.
Se o mundo acabasse hoje, não viveriam seus últimos minutos as crianças trucidadas em Newtown, nem aquelas, minhas contemporâneas, cujo mundo acabou nas câmaras de gás, ou debaixo dos bombardeios de napalm, nem todas as outras que, todos os dias, deixam a vida, antes que possam senti-la, como pranteou Obama. O mundo, na verdade, começa quando nascemos e perece quando cada um de nós morre, como na bela passagem de Grande Sertão: Veredas, quando Riobaldo ajuda uma mulher paupérrima a ter seu filho e diz à mãe em pranto: Não chore não, dona senhora, uma criança nasceu, o mundo começou outra vez.
Rubem Braga, em uma de suas melhores crônicas, fala sobre uma última festa na Terra, quando todos os homens, mulheres e crianças se reúnem em um só espaço, para a alegria do dia derradeiro. Seria ótimo se todos nós entendêssemos que hoje, ou amanhã, será o fim de nosso próprio mundo, e tratássemos o outro, qualquer outro, como o irmão que nos pode deixar ou que poderemos deixar, no segundo inexorável que nos atingirá, cada um a sua vez ou – quem sabe? – com uma catástrofe cósmica, que é melhor não prever, e que, com toda nossa ciência, não conseguiremos evitar.
O que nos pode entristecer, e muito, é que o homem, capaz de todos os crimes e massacres estúpidos, buscou, na alma e na natureza, a música de Bach, a pintura de Velázquez, as esculturas de Fídias. E se o mundo perecer, esse instante da Eternidade estará perdido para sempre.
Seria ótimo se fizéssemos, todos os dias, a grande festa na Terra, com as pessoas se abraçando, rindo e festejando a única e irrepetível aventura de cada um de nós.
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/12/21/o-dia-do-fim/
http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=55672
http://contextolivre.blogspot.com.br/2012/12/o-dia-do-fim.html
Um comentário:
Comentário atrasado "A Republica, o Parlamento e o STF":
Se lemos a história, os grandes contos, o Novo Testamento vamos perceber logo que a TRAIÇÃO é algo ABOMINAVEL!. Não é por outra que Judas Iscairotes se tornou o maior mal exemplo de pessoa humana em toda BIBLIA. Este cidadão do Supremo comeu uma coisa ABOMINAVEL, então se tornou uma PESSOA ABOMINAVEL. Não se trata do levar vantagem é outra coisa inqualificavel. FUX.
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