(HD) - Redigimos estas notas em meio aos rumores, quase todos pessimistas,
sobre a saúde de Hugo Chávez. Muitos, que não conseguem ocultar o regozijo,
afirmam que o líder venezuelano agoniza. Outros – e é o caso de Evo Morales, da
Bolívia - rezam para que ele sobreviva. Infelizmente, segundo observações médicas,
só um milagre poderá devolver Chávez a Caracas, vivo e apto a retornar ao
poder. As indomáveis circunstâncias, que o fizeram soldado, revolucionário e
chefe de governo e de Estado em seu país, retiram-se agora de seu destino, dele
fazendo um enfermo comum, que vem lutando, com coragem, mas sem armas efetivas,
contra o câncer.
Ele, ao ser diagnosticada a
enfermidade, observou, sob o riso desdenhoso de alguns, que o câncer estava, em
coincidência muito suspeita, atingindo
líderes do continente. Citou Lula e Cristina Kirchner e ele mesmo, como
exemplos. O fato é que, em nossos dias, é fácil provocar enfermidades fatais em
pessoas com saúde, e é também certo que o poder, com sua ansiedade e angústias,
vulnera o organismo e favorece o seu acosso.
Chávez, queiram ou não seus
opositores, ocupou a História da Venezuela com uma presença só comparável à de
seu ícone, Simon Bolívar. Não cabe discutir – e o debate exige tempo e espaço –
se as medidas que tomou irão prevalecer no futuro. O seu grande êxito foi o de
dar à maioria do povo venezuelano, o seu lado mais sacrificado e oprimido,
antes e depois da independência, a consciência de ser, e de pertencer a uma
pátria pela qual vale lutar.
O coronel é um mestiço andino, embora tenha
nascido ao sopé de um dos segmentos mais imponentes da Cordilheira, o de
Mérida, mas em terras planas. Sua forma de ver o mundo está na contradição
dialética entre os mitos pré-colombianos e o pensamento ocidental. Em homens de
sua origem e formação, prevalece, em certos momentos, a força instintiva dos autóctones,
em outros, o racionalismo europeu.
Nesse jogo mental ele construiu o seu discurso
às massas, muito superior ao de outros líderes continentais, pela simplicidade
e pelo uso de imagens oferecidas pelo cotidiano.
O destino do socialismo bolivariano está vinculado, neste momento, à
sobrevivência do discurso de Chávez. Como em todas as experiências políticas do
passado, é difícil que o sistema, como ele o construía, se complete. Mas é
certo de que os trabalhadores da cidade e dos campos de seu país não aceitarão
voltar à submissão, dócil, aos oligarcas que têm dominado o país, com pequenos
intervalos de governos honrados e efêmeros – como o do grande romancista Romulo
Gallegos, que durou apenas nove meses, em 1948.
Chávez já é um dos
grandes homens da América.
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
Um comentário:
Excelente
Postar um comentário