(HD) - A tensão na península coreana, sessenta anos depois do armistício de Pan-mun-jon, não está preocupando muito a opinião pública mundial, embora esteja assustando os estrategistas de Washington, Moscou, Pequim, Tóquio e Seul. Sendo uma teoria fundada no pensamento ocidental, o marxismo não se ajusta muito à razão asiática; ali as coisas ocorrem dentro de movimentos fechados em si mesmos.
A Coréia do Norte é rotulada
como um regime comunista. Mas está longe de ser isso. Nestes sessenta anos tem
sido uma monarquia absoluta, possui poderoso exército, e, pelo que declara, também
armas nucleares e foguetes vetores capazes de atingir alvos distantes: cidades
norte-americanas da Califórnia e suas bases no Pacífico.
Alguns observadores acreditam
que os norte-coreanos blefam. Não têm o poderio que afirmam, e chantageiam os países maiores, em busca de
concessões econômicas que aliviem as dificuldades internas. É provável, mas, em
se tratando da Coréia do Norte, não é absolutamente certo. O atual governante
do país, por direito dinástico, Kim Jong-un, é um jovem de 30 anos, de cuja
inteligência do mundo nada se conhece.
É o terceiro governante nestes 60
anos, nos quais a Coréia do Norte, com uma população de 25 milhões de pessoas,
aparentemente fiéis ao sistema, se fechou ao mundo - só mantendo contatos com a
China. Sendo assim, Kim Jong-un provavelmente não se dê conta de sua
responsabilidade, e aja sob o impulso da juventude atiçado pelo possível belicismo de seus generais. Nesse
quadro, tudo pode ocorrer.
Intensas conversações diplomáticas
nas últimas horas, entre os países diretamente interessados no espaço asiático
e detentores de armas nucleares (Estados Unidos, Rússia e China), além do Japão
e da Coréia do Sul visam a dissuadir os coreanos de ir até o ato real de
provocação. Sob a pressão dos grandes, os Estados Unidos têm limitado sua
resposta às manobras que realiza em conjunto com a Coréia do Sul. Mas, no caso
do uso, pela primeira vez, desde Hiroxima e Nagasáki, de uma arma atômica, será
quase impossível evitar as represálias.
Sendo eventuais alvos de Kim Jon-un, as
potências nucleares provavelmente darão aval aos países atacados para que
reajam. E o que virá depois disso, não sabemos.
Não conseguimos, depois da derrota do
Eixo, em 1945, estabelecer os pilares definitivos da paz. Continuamos sob a
cultura da guerra de conquista, que orienta principalmente os Estados Unidos.
Essa cultura explica a criminosa guerra contra o Vietnã e a recente e estúpida
cruzada contra o Iraque e o Afeganistão, além das numerosas intervenções na
América Latina.
3 comentários:
Caro Mauro:
mera cortina de fumaça essa ameaça,
essa "ditadura" é mantida por quem não quer ver as "2" Coreias juntas!
pois "juntas", quebrariam o já combalido Japão, nação amiga!
parece que Indonésia e Tailandia iriam junto pro brejo.
é só depositar a mesada dos "cabeças" de lá e tudo voltará ao normal
Sr. Mauro Santayana: leio sempre seus artigos lúcidos e claros com grande interesse. Estranhou-me a colocação de que o problema é a provocação da Coréia do Norte, pois é bastante conhecida a tática e estratégia americana e de aliados de inventar fatos, mentir, difamar, jogar confusão e discórdia na mídia, truques diplomáticos e encobertamentos da CIA com objetivos militares e geopolíticos. Não vejo nada diferente nesta situação, mas o sr. coloca as manobras militares de EUA e Coréia do Sul estranhamente como defensivas,como respostas. A meu ver, é o contrário. Atenciosamente, Antonio.
Se a Coreia do Norte cravar um míssil nuclear na Coreia do Sul quais seriam as consequências imediatas? Sabendo-se do atual potencial das bombas nucleares, muito mais poderosas do que as de Hiroshima e Nagasaki, o estrago seria grande aos países atingidos?
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