Comecemos por registrar, mais uma vez, a intolerável insolência espanhola quando se trata da América Latina. Com um rei de opereta, que teve a grosseria de se dirigir a um líder construído na luta e confirmado nas urnas – o presidente Chávez – ordenando-lhe que se calasse, diante dos chefes de estado do continente, há seis anos, não é de admirar que os espanhóis nos tratem como se fôssemos uma colônia do século 18.
Foi com essa petulância que o Secretário de Defesa da Espanha, ex-funcionário da Boeing e ex-banqueiro, Pedro Argüelles, se pronunciou anteontem, no Rio de Janeiro, na Feira Internacional de Material de Defesa (LAAD) e Segurança.
Depois de dar a entender para a imprensa de língua espanhola que a Espanha já estaria tendo sucesso em contornar a exigência brasileira de plena transferência de tecnologia em caso de concretizar-se a compra de fragatas da estatal bélica Navantia, Arguelles afirmou que as oportunidades que oferece o Brasil, e o resto da América Latina “não se limitam a uma área concreta”, já que a indústria espanhola “é muito polivalente e com muitos nichos de tecnologia que a tornam capaz de complementar as necessidades de uma indústria incipiente e responder às necessidades concretas de cada país”.
Só falta agora afirmar, já que, a seu juízo, a nossa indústria é incipiente, que a Espanha vai substituir o Brasil na integração dos esforços de defesa da região. Ora os esforços latino-americanos para a integração da defesa já estão trazendo resultados, com o blindado Guarani, o próprio KC-390, da EMBRAER, e o futuro avião de treinamento regional, cuja construção foi anunciada também na LAAD, e será o primeiro projeto conjunto a ser executado por vários países da América do Sul, no âmbito do Conselho Sul-Americano de Defesa.
Nos Estados Unidos, a Huawei e outras companhias chinesas, até mesmo de telefonia, estão proibidas de operar por uma questão de segurança nacional. No Brasil, nosso único satélite, com canais exclusivos para comunicações militares foi vendido - pelo Governo FHC - para a iniciativa privada estrangeira.
O atual Governo continua insistindo em entregar a responsabilidade de montar e operar nossos sistemas de comunicação, na área de defesa, a estrangeiros.
A INDRA, empresa espanhola, se gaba - em seus sites e comunicados - de ter desenvolvido diretamente o sistema de gestão da rede de comunicações por satélite do Ministério da Defesa do Brasil (SISCOMIS).
Alardeia que é a principal fornecedora dos diferentes tipos de terminais Satcom, de comunicação militar terrestre e naval de nosso país.
Proclama trabalhar também com sistemas de vigilância por radar e de defesa eletrônica – altamente estratégicos – de nossas forças armadas.Sua “sede” internacional está no Brasil, mas a matriz continua na Espanha – para onde se remetem os lucros. Seu presidente no Brasil é espanhol.
A Espanha, cuja tradição não é exatamente a de excelência nessa área de tecnologia, é membro de uma aliança militar internacional, a OTAN, e presta vassalagem à Inglaterra e aos norte-americanos, em países como a Líbia e o Afeganistão, e em seu próprio território. Essa submissão é tamanha que os Estados Unidos planejam instalar ali um de seus escudos antimísseis.
Considerando-se tudo isso, alguém duvida que, em caso de potencial conflito com qualquer país ocidental, a INDRA hesite em entregar, a pedido do governo espanhol, o software e o sistema de gestão da rede de comunicação do Ministério de Defesa e de nossas forças armadas à OTAN ou aos Estados Unidos?
Se não havia a preocupação de sigilo militar, e não se cogitou de convocar um grupo de desenvolvedores brasileiros, talvez tivesse sido melhor contratar diretamente empresa norte-americana para fazer o serviço. A tecnologia teria sido melhor, embora tão devassada quanto, e o preço, talvez, menor, sem o overprice dos intermediários espanhóis.
É nesse clima, e nesse estado de coisas, que o Secretário de Estado da Defesa da Espanha, Pedro Argüelles, veio pavonear-se na LAAD, feira de defesa realizada esta semana no Rio de Janeiro. Afirmou que a Espanha vai alugar espaço para comunicações e vigilância militar brasileiras em seus satélites, que sobrevoam o território nacional.
Alem disso, Argüelles lembrou que foi ajustada - faltando apenas a formalidade da assinatura – a venda ao Brasil de aviões de transporte militar C295, da EADS para a Força Aérea .
Recorde-se que o Brasil estabeleceu um programa binacional de satélites com a China - que poderia ser facilmente adaptado para monitoramento militar - o CBERS.
Contamos também com o INPE, inclusive para certificação de satélites de outros países.
Estamos lançando, na própria LAAD, as vendas do KC-390, da Embraer, que cumpre, com inúmeras vantagens, as mesmas funções dos C295 da EADS. Sendo assim, de que compras e de acordos o Secretário Arguelles está falando?
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
O que mais me espanta é que os militares brasileiros em cargo de decisões, continuam a não valer nada.
ResponderExcluirPara que servem esses senhores?
Para ver a opinião de nós, militares da Força Aérea, sobre essas porcarias espanholas, basta dar uma olhada nos comentários que saíram sobre essa pretensa cooperação Brasil_Espanha no Poder Aéreo:
ResponderExcluirhttp://www.aereo.jor.br/2013/04/10/espanha-esta-otimista-em-vender-avioes-militares-ao-brasil/