(HD)-Um bom sinal: o novo
papa determinou o desbloqueio do processo de beatificação – passo prévio à
canonização – de Dom Oscar Arnulfo Romero, o arcebispo de El Salvador,
assassinado pela ditadura militar. O
processo, iniciado em 1997, 17 anos depois da morte do arcebispo, repousava nos
arquivos do Vaticano. Segundo a Cúria, era preciso saber se a execução fora
martírio em defesa da fé, ou provocada por sua militância política.
El Salvador, desde o ano anterior, estava sob
uma junta militar implacável, com esquadrões da morte que eliminavam a esmo, em
todo o país. Dom Romero, com
todo o seu prestígio, buscava a paz. Diante da escalada do terror, fez um apaixonado
apelo aos militares, conclamando-os a não
assassinar os jovens. O apelo foi sua
sentença de morte.
Em
pleno governo Carter, que apoiava a
repressão com agentes da CIA e conselheiros militares, além de mercenários e
armas, pagos com fundos secretos, Dom Romero rezava a missa na capela de um
centro hospitalar de tratamento de cancerosos, quando um sicário o matou, em 24
de março de 1980.
Era o segundo ano do polonês
Wojtyla no papado, empenhado em apoiar o sindicato anticomunista Solidarinost,
com dinheiro do Banco Ambrosiano, como instrumento para a derrubada do governo
da Polônia. Não tomou conhecimento do martírio do arcebispo.
Em 1990, já com a situação de El Salvador mais
ou menos normalizada, seus bispos encaminharam ao Vaticano o pedido de
canonização de Dom Romero. Ratzinger, ao
suceder João Paulo II, manteve o mesmo comportamento, o de fazer de conta que o
processo não existia.
João Paulo II, que bloqueara o
processo em favor de D. Oscar, com a desculpa do provável envolvimento político
do arcebispo, não hesitou em fazer do fundador da Opus Dei, e parceiro de
Franco no regime brutal da Espanha, José Maria Escrivá de Balaguer, santo da
Igreja, 27 anos apenas depois de sua morte.
O papa Francisco, que procura
salvar a Igreja, buscando conciliar suas correntes internas, dá, assim, mais um
passo em direção à teologia dos pobres, que vem sendo sufocada na América
Latina a partir da morte de João 23. Durante o pontificado de Paulo 6º, a ação
contra o grupo de vanguarda foi mais contida, mas com a eleição do papa polonês
– filho de um oficial do Exército – a ordem foi amordaçar os teólogos libertários, como
ocorreu a Leonardo Boff, e a muitos outros, condenados ao “obsequioso silêncio”.
Alguns resistiram, com sacrifícios, à onda conservadora, como Dom Pedro
Casaldaliga, e Dom Paulo Arns.
A beatificação de Dom Oscar
significará o reconhecimento tácito de que os que foram perseguidos pelo
Vaticano, nestas últimas décadas, estavam a serviço da Fé, porque estavam a
serviço dos pobres e dos oprimidos, como esteve Jesus.
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Um comentário:
A droga é insistir na bobagem de "santos", onde até o mundo outrora analfabeto, principalmente, a América Latina já dá sinais de reação à influência da teologia milenar da miséria, do /generalíssimo/coronelismo e da boçalidade como forma de mante a linha de montagem dos inúteis bonecos milagreiros. Tá lá em Gênesis e no personagem do Charlton Heston detonando o bezerro de ouro que todo o mundo cristão miserável assitiu, adorou e não conseguiu entense que droga foi aquele gesto...Era muuito cabresto, analfabetismo e depend~encia total de esmolas.
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