(Carta Maior)-Discretamente,
como convém, estreita-se a cooperação de defesa sul - americana. Anteontem, em
Lima, no Peru, reuniram-se os vice-ministros
de 12 países, entre eles o Brasil, no âmbito do Conselho de Defesa da América do
Sul, para discutir a cooperação, com ênfase na transparência no processo de aquisição de armamentos, e em monitoramento
conjunto da situação continental.
Em Quito, no Equador, no dia 5 de
maio, já ocorrera outro encontro, para a discussão de uma proposta histórica: a
criação de uma Escola de Defesa Sul-americana. Ela se contrapõe à célebre Escola das Américas, que, com sede no
Panamá, serviu, durante muitos anos, à conspiração golpista contra governos
democraticamente eleitos, e para o treinamento de repressores por oficiais do
Exército norte-americano.
Ao estreitar a colaboração entre suas
forças armadas, a América do Sul não pretende agredir ninguém; seus militares e
políticos sabem que é preciso preparar-se
contra eventuais agressões externas. Com essas medidas, não nos deixaremos
manipular por potências de outras regiões, que gostariam de nos ver divididos,
como no passado. Essa cooperação servirá para o desenvolvimento conjunto de
métodos de treinamento, de tecnologia própria na produção de novos armamentos e
meios de defesa.
O Brasil estuda, nesse momento, a
construção de um reator nuclear binacional com a Argentina, com fins pacíficos.
Compramos lanchas de patrulha naval da
Colômbia, e desenvolvemos projeto mais
avançado, nessa área, com o Perú. Colômbia, Chile e Argentina, participam,
diretamente, do desenvolvimento do novo jato militar de transporte da EMBRAER,
o KC-390, voltado para a substituição, no mercado internacional, dos antigos
Hércules C-130 norte-americanos.
A Argentina estuda a compra de blindados
Guarani, projetados pelo Exército Brasileiro. E se estuda a construção conjunta
- por todos os países - de novo avião de treinamento. O Perú pretende
comprar, agora, seis caças ligeiros Super-Tucano, que já fazem parte, na
América do Sul, das Forças Aéreas da Colômbia, do Chile e do Equador.
Estamos começando este século de forma
muito diferente do que começamos o século passado, com guerras como a do Chaco,
e disputas territoriais do século 19, que deixaram marcas até hoje, como no caso da disputa entre o
Chile e o Peru pela região de Atacama.
É ingenuidade pensar que a aproximação
na área de defesa entre os países das América Latina seja desejada, ou não
esteja sendo observada com atenção por nações de outras regiões. Para certos
países, o ideal seria que nossos corpos de defesa cuidassem exclusivamente do
combate ao tráfico de drogas e à repressão política interna.
Esta semana, o embaixador da França no
Brasil, Bruno Delaye, visitou o Deputado
Nelson Pellegrino, Presidente da Comissão de Defesa e Relações Externas da
Câmara dos Deputados, para oferecer que fragatas sejam montadas no Brasil, pela
estatal francesa DNCS, que já faz o mesmo com os submarinos do PROSUB.
É urgente a criação de uma grande
empresa estatal de indústria bélica, em nosso país, como ocorre em quase todos
os países do ocidente, para participar, majoritariamente, de consórcios destinados a produzir armamentos no Brasil.
Ao
mesmo tempo, devemos continuar avançando nos esforços diplomáticos para a cooperação
e associação com os nossos vizinhos, para a eventual defesa da integridade
territorial e soberania política da região.
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