(HD)-A eleição do Embaixador Roberto Azevedo para a direção geral da Organização Mundial do Comércio é uma vitória dos paises emergentes, com o Brics à frente, e da habilidade diplomática do Itamaraty.
Como se noticiou ontem, o Brasil
teve, contra o seu candidato, os Estados Unidos, parte da América Latina e a
União Européia, com exceção de Portugal. Segundo se soube, Portugal se somou
aos países africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (que nos
apoiaram firmemente ao empenho dos diretores dessa organização), de que é
membro, dissociando-se da unanimidade européia. O candidato adversário foi o
mexicano Hermínio Blanco.
Dois pontos devem ser destacados
no resultado do pleito. O primeiro deles é o geopolítico. A visita de Obama ao
México e à América Central é mais uma iniciativa, na história das relações
entre as duas metades do hemisfério, para assegurar a presunção imperial de
Washington sobre o espaço geográfico que ele sempre considerou seu pelo Destino Manifesto. Como convém lembrar,
em seu famoso Curso de Filosofia da História, Hegel previu que, em algum
momento do futuro, o eixo da civilização estaria no confronto entre os Estados
Unidos e a América do Sul.
Obama está, com outras palavras,
propondo a integração do México em seu país. Como cerca de um terço de seu
território foi anexado da nação vizinha, os Estados Unidos iniciam agora, 165
anos depois, o processo de conquista do território que sobrou.
A expedição meridional do presidente
norte-americano não se isola dos últimos movimentos de Washington com o
propósito de impedir a unidade econômica e política da América do Sul e do
Caribe. Quando olhamos o mapa de nosso continente, é impossível negar a
importância do Brasil, que ocupa quase a metade do território. Isso não
significa que devamos aspirar ao domínio hegemônico da região, ou à liderança
de seu destino político, mas, isso sim,
ser ouvidos nos assuntos de interesse comum.
Foi contra o Brasil, a Venezuela e a Argentina
que o México, o Peru, a Colômbia e o Chile se aliaram a Washington para criar a
Aliança do Pacífico, com ostensivo patrocínio da Espanha.
Outro ponto, embora o discurso
oficial o negue, é o da reação à
política neoliberal vigente no mundo. Os mais ricos apoiaram Blanco; os mais
pobres preferiram Azevedo. Essa realidade deve orientar o nosso futuro
imediato. A partir de Lula, as nossas alianças naturais no mundo foram sendo
identificadas e assumidas.
Embora não nos seja conveniente criar atritos
com os países centrais, temos que convir que os nossos amigos encontram-se entre as nações do hemisfério sul, e do
Brics. É certo que nem tudo são flores
nas relações internacionais, por mais fortes sejam os interesses econômicos e geopolíticos
que os unem. Mas não é difícil saber quem está mais próximo de nós, e com quem
podemos contar nas horas difíceis.
Este texto foi publicado também nos seguinte sites:
http://www.dignow.org/post/uma-vit%C3%B3ria-do-sul-5511192-55185.html
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O artigo é muito bom. Entretanto, resta a preocupação do primeiro mundo (EUA e Europa) “minarem” o comando de Roberto Azevedo, por meio do “acordo” de comércio entre os dois blocos, que está para ser finalizado e assinado entre as partes ainda no corrente ano. Este acordo vai complicar as exportações dos Brics e nações não alinhadas aos dois blocos, diminuindo a importância e amplitude de ação da OMC.
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