Nos anos 90, várias empresas portuguesas,
entre elas algumas estatais, entraram no mercado brasileiro, aproveitando o
programa de privatizações. Agora, o governo português, tolhido pela crise,
prepara-se para colocar à venda várias
de suas empresas, e a
participação acionária em algumas que já se encontram sob controle de investidores privados. Em Portugal, a
imprensa especula a possibilidade de que
capitais brasileiros venham a participar desse processo.
A opinião pública portuguesa, no
entanto, e parte da classe política, preferiria, como se pode ver pelos
comentários na internet, que essas empresas fossem vendidas para empresas
européias, e não para firmas de ex-colônias, como o Brasil e Angola, que agora
estão em melhor situação financeira, como é o caso de Brasil e Angola.
Nos últimos tempos, o governo de Portugal tem feito pressão,
diversas vezes, para impedir a compra de empresas portuguesas por grupos
brasileiros. Isso ocorreu com a Portucel – Celulose de Portugal e, para impor
uma série de controles e regulamentos a empresários brasileiros que adquiram
empresas portuguesas, como a CIMPOR- Cimentos de Portugal.
Entre outras empresas, neste momento, a
Azul Linhas Aéreas está se movimentando para entrar no capital da TAP –
Transportes Aéreos Portugueses, em parceria com o BNDES, e vem encontrando
dificuldades.
As relações entre países, assim
como entre as pessoas, sempre deveriam
estar sob a obrigação da reciprocidade.
Há, hoje, no Brasil, capitais portugueses em fase de consolidação, em
vários setores da atividade econômica.
Convém
dedicar atenção à atitude do governo lusitano com relação à entrada de
empresas brasileiras naquele mercado, e agir em consonância, dentro do nosso próprio mercado.
Nesse aspecto, Portugal não é um caso
isolado. O mesmo se passa com a Espanha,
a França, os Estados Unidos, a
Alemanha, e o Japão, que também investem no mercado brasileiro. É preciso que
todos esses investimentos se façam com base nos princípios de reciprocidade. Ainda que não tenhamos
interesse em investir no Exterior, as regras devem ser as mesmas, tanto em um
sentido, quanto no outro.
Embora se fale muito em livre mercado,
todo país tem seus próprios interesses. Se não podemos fazer com que os nossos
prevaleçam sempre, pelo menos podemos lutar para que haja um mínimo de
equilíbrio, a fim de que os interesses de outras nações não se sobreponham
sempre aos nossos, como vem ocorrendo com freqüência.
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