(HD)-A anulação do concurso da
ANVISA do dia 2 de junho, a que se submeteram mais de 120.000 candidatos,
devido a problemas operacionais e suspeita de vazamento - nas provas aplicadas
na Bahia, no Distrito Federal, em Alagoas e no Rio de Janeiro - levou a agência
a marcar uma nova data para o evento, provavelmente para o mês de agosto.
Contrariando o bom senso, a empresa
escolhida para realizar o novo concurso é a mesma. A ANVISA afirma
que a substituição da empresa exigiria
refazer todas as fases do concurso, também as inscrições.
A única medida da ANVISA
foi pedir à Polícia Federal que investigue as “falhas” ocorridas, e monitore os
novos exames.
Nos últimos anos, problemas de vazamento
de provas, de suspeita de comercialização de resultados, de favorecimento de
candidatos, têm sido mais regra que exceção em nosso país.
De tanto se falar em incompetência do
Estado, de tanto se desmontar e desqualificar as estruturas de seleção,
capacitação e preparação que tínhamos antes e que serviam muito bem ao país,
chegamos ao absurdo de terceirizar funções do Estado e, agora, o processo de escolha dos servidores
efetivos.
Empresas privadas são formadas e
estabelecidas com o objetivo no lucro e
não no interesse público.
Acreditar que uma empresa particular tenha
mais competência para determinar as qualidades necessárias a exercer
determinado cargo, ou a formação
necessária para fazê-lo, do que a própria instituição a quem o candidato irá
servir é ingenuidade, ou atestado de incompetência da parte de quem
deveria proceder à seleção.
Os países mais poderosos do mundo são
justamente aqueles que têm, não as melhores empresas de aplicação de concursos,
mas as melhores escolas de administração pública.
Esse é o caso da França, da Alemanha, do
Japão, por exemplo. E o nosso, com centros de excelência, como a Fundação
Getúlio Vargas. E o do Instituto Rio Branco, que seleciona e forma nossos
diplomatas, reconhecidos por sua competência em qualquer lugar do mundo.
É preciso que o Brasil abandone a prática
de terceirizar a realização de concursos. Com as novas tecnologias, como
câmeras e copiadoras de alta velocidade,
dependendo da complexidade das provas, questões e gabaritos poderiam ser
liberados e impressos à vista dos candidatos quando esses já estivessem sentados,
cada um à sua mesa, dentro do próprio recinto de realização das provas.
Enquanto isso não for possível, é preciso
tornar regra o monitoramento de concursos pela PF e o Ministério Público,
sempre sob a responsabilidade do Estado. O importante que se volte a investir
em instituições de excelência para a formação de nossos funcionários públicos.
É preciso retornar à preocupação de
Vargas, que estabeleceu o sistema de se
avaliar o mérito dos aspirantes ao serviço do Estado, mediante os concursos
públicos, e criou o DASP responsável para cuidar do funcionalismo.
Um comentário:
Tomara tenha a juventude até então inerte, despertado para a vergonha que é o fato de nada haver nesse país sem o carimbo da falta de vergonha.
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