18 de jun. de 2013

OS CONCURSOS E O INTERESSE PÚBLICO



(HD)-A anulação do concurso da ANVISA do dia 2 de junho, a que se submeteram mais de 120.000 candidatos, devido a problemas operacionais e suspeita de vazamento - nas provas aplicadas na Bahia, no Distrito Federal, em Alagoas e no Rio de Janeiro - levou a agência a marcar uma nova data para o evento, provavelmente para o mês de agosto.

       Contrariando o bom senso, a empresa escolhida para realizar o novo concurso é a mesma. A  ANVISA afirma  que a substituição da empresa exigiria  refazer todas as fases do concurso, também as inscrições. 
A única medida da ANVISA foi pedir à Polícia Federal que investigue as “falhas” ocorridas, e monitore os novos exames.

       Nos últimos anos, problemas de vazamento de provas, de suspeita de comercialização de resultados, de favorecimento de candidatos, têm sido mais regra que exceção em nosso país.

      De tanto se falar em incompetência do Estado, de tanto se desmontar e desqualificar as estruturas de seleção, capacitação e preparação que tínhamos antes e que serviam muito bem ao país, chegamos ao absurdo de terceirizar funções do Estado e, agora, o  processo de escolha dos servidores efetivos.  

     Empresas privadas são formadas e estabelecidas com o objetivo  no lucro e não no  interesse público.

     Acreditar que uma empresa particular tenha mais competência para determinar as qualidades necessárias a exercer determinado cargo, ou a  formação necessária para fazê-lo, do que a própria instituição a quem o candidato irá servir  é ingenuidade, ou  atestado de incompetência da parte de quem deveria proceder à seleção.


    Os países mais poderosos do mundo são justamente aqueles que têm, não as melhores empresas de aplicação de concursos, mas as melhores escolas de administração pública.

     Esse é o caso da França, da Alemanha, do Japão, por exemplo. E o nosso, com centros de excelência, como a Fundação Getúlio Vargas. E o do Instituto Rio Branco, que seleciona e forma nossos diplomatas, reconhecidos por sua competência em qualquer lugar do mundo.

     É preciso que o Brasil abandone a prática de terceirizar a realização de concursos. Com as novas tecnologias, como câmeras e copiadoras de alta velocidade,  dependendo da complexidade das provas, questões e gabaritos poderiam ser liberados e impressos à vista dos candidatos quando esses já estivessem sentados, cada um à sua mesa, dentro do próprio recinto de realização das provas. 
     Enquanto isso não for possível, é preciso tornar regra o monitoramento de concursos pela PF e o Ministério Público, sempre sob a responsabilidade do Estado. O importante que se volte a investir em instituições de excelência para a formação de nossos funcionários públicos.

     É preciso retornar à preocupação de Vargas, que  estabeleceu o sistema de se avaliar o mérito dos aspirantes ao serviço do Estado, mediante os concursos públicos, e criou o DASP responsável para cuidar do funcionalismo.

Um comentário:

Blog do Zé Mário disse...

Tomara tenha a juventude até então inerte, despertado para a vergonha que é o fato de nada haver nesse país sem o carimbo da falta de vergonha.