(JB)- John Kerry anunciou esta semana, na Casa Branca, que os
Estados Unidos têm “provas irrefutáveis” do uso de armas químicas pelo Governo
Sírio. Traços de gás Sarin teriam sido encontrados no sangue e nos cabelos de
voluntários que participaram do resgate de civis atingidos logo após um suposto
ataque do governo contra rebeldes no dia 21 de um agosto.
Já vimos esse filme. O
uso de armas de destruição em massa pelo governo de Saddam Hussein também foi
apresentado de forma inconteste e irrefutável pelo governo norte-americano.
Em nome dessa “certeza”, o Iraque foi bombardeado e invadido,
suas defesas foram destruídas por corajosos jogadores de vídeo-game instalados
a bordo de aviões e porta-aviões, sem um único combate corpo a corpo, e morreram
milhares de crianças e civis iraquianos.
E até hoje nem uma única arma de destruição em massa foi
encontrada - apesar de milhares de soldados norte-americanos terem também sido mortos
ou feridos, tentando ocupar o território virtualmente “conquistado”, de onde os
EUA já se retiraram, depois de centenas de bilhões de dólares em gastos.
Na época, o inspetor da ONU Hans Blix – que deu uma
entrevista esta semana ao jornal britânico The Guardian dizendo que não há
justificativa para um ataque ocidental à Síria – negou que houvesse armas de
destruição em massa no Iraque e teve sua missão em Bagdá interrompida pelos
bombardeios norte-americanos.
Os EUA costumam usar, sem nenhum escrúpulo, seus eventuais
aliados, e depois livrar-se deles sem nenhuma consideração moral ou ética.
Foi assim, quando se aliaram a Saddam armando-o na guerra
contra o Irã, para depois destruir o seu regime sob um pretexto falso, e persegui-lo
até a execução de sua sentença de morte por enforcamento, no dia 30 de dezembro
de 2006 em Bagdá.
Foi assim que fizeram com Osama Bin-Laden – com cuja família
os Bush tinham negócios - depois de apoiá-lo na guerrilha contra os russos no
Afeganistão, até cercá-lo e abatê-lo desarmado, na frente de sua família, no
dia 2 de maio de 2011, em Abbotabad, no Paquistão.
E foi assim que aconteceu também com Muamar Kadhaffi,
capturado de mãos nuas e espancado brutalmente até a morte, em 20 de outubro do
mesmo ano, em Sirte, na Líbia, a ponto de ter seu corpo transformado em um hambúrguer
diante das câmeras de seus verdugos, armados pelos mesmos países ocidentais que
antes o recebiam e apoiavam.
Agora, a história se repete. Os EUA e as grandes redes de meios
de comunicação do ocidente procuram desqualificar
a denúncia da inspetora da ONU Carla Del Ponte, de que teria levantado
evidências, na Síria, de que gás Sarin estaria, na verdade, sendo usado pelos
“rebeldes”, apoiados pelo Ocidente, com a intenção de culpar o governo de
Bashar Al Assad pelo seu uso.
Ao invadir outros países sem provas e sem autorização das
Nações Unidas, os Estados Unidos agem como os nazistas, que deram início à
Segunda Guerra Mundial com uma farsa que completou há três dias exatos 74 anos.
No dia 31 de agosto de 1939 a SS nazista simulou a invasão de
uma rádio de língua alemã, na cidadezinha fronteiriça de Gleiwitz, por tropas
do exército polonês, para divulgar uma falsa
mensagem conclamando a população da Silésia a se revoltar contra Hitler.
Para dar o máximo de verossimilhança aos fatos, os oficiais
de Himmler, disfarçados de soldados poloneses, levaram com eles, também vestidos
com os mesmos uniformes, 12 prisioneiros de campos de extermínio, que foram
abatidos no local, ao final da operação, para que seus cadáveres servissem de
prova da suposta ”invasão” polonesa. No
dia seguinte, 1 de setembro de 1939, as tropas de Hitler, já agrupadas na
fronteira, invadiriam a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial.
Ressabiado, talvez, pela participação – sem provas que a
justificassem – da Grã Bretanha na Guerra do Iraque, o Parlamento inglês negou na última
semana ao Primeiro-Ministro James Cameron autorização para participar do ataque
à Síria.
O mundo espera que o Congresso dos EUA, obedecendo à opinião
da maioria da população norte-americana, tome atitude semelhante. E que Obama
recue, como pode acabar fazendo, de seu plano contra a Siria, estabelecido,
como afirmou John Kerry, em sua entrevista na Casa Branca, para “mandar uma
firme mensagem” a outros países, como a Coréia do Norte e o Irã.
Não se pode aceitar que a mesma nação que apóia e financia,
com bilhões de dólares, o exército golpista egípcio - para que seus soldados massacrem
a população civil nas ruas do Cairo - ataque ou bombardeie Damasco, sob
pretexto de defender a liberdade.
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
http://profleolemes.blogspot.com.br/2013/09/cairo-damasco-e-hipocrisia-norte.html
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
http://profleolemes.blogspot.com.br/2013/09/cairo-damasco-e-hipocrisia-norte.html
Depois de uma longa férias, para nos seus seguidores, seja bem vindo, pois é muito importante para enriquecer no debate político.Um fraterno abraço e muita lutam, pois precisamos muito de você com seus comentários sobre tudo.
ResponderExcluirAbraços
É uma pena que o mundo está prestes a sofrer com mais uma atitude repugnante dos EUA.O país que mais cria guerras sem jamais vencê-las.
ResponderExcluirNo mais, um bom retorno, Mestre! Sua opinião sempre esclarecedora estava fazendo falta.
Como sempre, o excelente Santayanna fundamentando suas análises em fatos históricos irrefutáveis. Acrescento uma declaração cínica de John Kerry, lida nem sei mais onde: "No dia 04/09 John Kerry disse ao senado para não se preocupar com o custo de uma guerra americana na Síria. Os sauditas e os árabes do Golfo, confortados com um rotundo barril de petróleo vendido aos consumidores americanos a 110 dólares irão pagar a conta dos mísseis Tomahawk". Mera negociata. Outra guerra de rapinagem. Matar com gás serin não pode. Matar centenas de milhares de crianças, jovens, velhos, trabalhadores com mísseis pode?!
ResponderExcluirObrigado, amigos. E um abraço.
ResponderExcluir