O último a morrer foi Pedro Palma, de 47 anos, morto por
assassinos que estavam em uma moto, com diversos tiros, em frente à sua casa, no distrito de Governador Portela, em Miguel Pereira,
no Estado do Rio de Janeiro.
Em junho do ano passado, também no interior do Estado do Rio,
o jornalista José Roberto Ornelas de Lemos, de 45 anos, dono do Jornal Hora H, de Nova Iguaçú, também foi
assasssinado em circunstâncias semelhantes, com 44 tiros. E em 2012, outro jornalista, Mário Randolfo
Marques Lopes, editor de um site na cidade de Vassouras, também no Rio de
Janeiro, foi assassinado junto com a namorada.
O caso que mais chamou a atenção da opinião pública, neste
início de 2014, foi o do cinegrafista da Rede Bandeirantes de Televisão, Santiago
Andrade, que teve o crânio afundado e faleceu ao ser atingido por um rojão durante
confronto entre policiais e manifestantes, em frente à Central do Brasil, no
centro do Rio, sepultado no mesmo dia da morte de Pedro Palma.
Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, CPJ, 70%
dos assassinatos de jornalistas ficaram impunes no Brasil, nos últimos 20
anos.
O jornalista sabe dos riscos que corre quando vive debaixo de
uma ditadura, como foi o caso de tantos homens e mulheres de imprensa durante o
regime militar, entre eles Rubens Paiva, Vladimir Herzog e Luis Merlino, torturados e assassinados pela repressão.
Assim como é obrigado a assumir os riscos inerentes à sua
atividade quando se desloca para uma área de guerra ou conflito, correndo o
risco de ser atingido por um tiro em uma barricada, na Belfast dos anos 1970 ou
de explodir ao atravessar de carro um campo minado, em lugares como Mahbés, no
Saara Ocidental, cobrindo a guerrilha saarauí.
Com a consolidação dos grandes jornais e cadeias de rádio e
televisão no final do século XX, muita gente acreditou que não haveria mais
lugar para o jornalista romântico, daqueles que, como se via nos velhos filmes
de Hollywood, afrontava com sua prensa de madeira os oligarcas locais.
Ledo engano. Com o advento da internet, ressurgiu a figura do
jornalista solitário, que não está integrado aos grandes meios de comunicação,
e que muitas vezes, consegue permanecer e sobreviver profissionalmente, apesar
da existência deles.
Para parar essa nova geração de blogueiros, principalmente no interior, não basta invadir a oficina
e empastelar os jornais, como faziam
os jagunços, a mando dos coronéis, nos anos 1950, no Norte de Minas.
É preciso calar definitivamente o jornalista. Apagar o brilho
de suas pupilas. Paralisar sua mente, seu coração. Certificar-se de que seus
dedos não voltarão, de novo, a pressionar as letras e números, os símbolos e os
acentos do teclado.
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