(Hoje em Dia) - A Agência Espacial Européia informa que a sonda Rosetta, foi “despertada” remotamente, de seu estado de hibernação,
em um ponto a 807 milhões de quilômetros da Terra. Sua missão: pousar, pela
primeira vez, em um cometa, depois de uma longa viagem de 10 anos.
O despertar de Rosetta deve
estar inspirando, como ocorreu antes com o lançamento do Sputnyk, por exemplo,
ou a chegada do homem à Lua, milhões de seres humanos a refletir sobre o
milagre da vida e a caminhada de certo
primata, dos ramos das árvores, nas savanas africanas, até o ponto onde está a
sonda, ou, também, a Voyager, que
está deixando a última fronteira do nosso sistema para mergulhar no universo
profundo.
Para nós, o computador da sonda voltar a zumbir, localizando sua posição
atual, com relação às estrelas, diminuir a rotação do objeto, e apontar suas
antenas para casa, para conectar-se novamente ao planeta, não deixa de
ter, também, uma conotação política.
As dificuldades enfrentadas pelo Programa Espacial Brasileiro, ao longo
de sua história, que nos colocam em situação de grande atraso com relação a
outras nações BRICS - a China acaba de mandar uma nave à Lua, e a Índia fez o
mesmo com Marte - não derivam apenas da oposição de países ocidentais, como os
EUA, à transferência, para o Brasil, de tecnologia sensível. Ou de percalços -
ainda não de todo explicados - como a explosão de um protótipo do VLS - Veículo
Lançador de Satélite, na Base Espacial de Alcântara, no Maranhão, em 22 de
agosto de 2003.
Nos últimos anos, tem nos faltado, mais que recursos, visão estratégica
da questão espacial, e de sua importância para a evolução da ciência nacional,
e para o fortalecimento da dimensão geopolítica do Brasil em um mundo cada vez
mais moderno e competitivo.
Não é possível que não possamos estabelecer um programa de cooptação e
captação de técnicos e cientistas estrangeiros, para fazer com que o VLS saía
do estágio em que se encontra, há anos,
praticamente estacionado. Os EUA e a URSS fizeram isso no final da
Segunda Guerra, há mais de seis décadas, e nós não conseguimos até hoje
estabelecer e aplicar estratégia semelhante, mesmo contando, agora, com muito
mais recursos que no passado.
O acordo espacial com a Ucrânia, assinado em 2003, mesmo ano da explosão
do VLS, para o lançamento de foguetes Cyclone, ainda não decolou, dez anos
depois de assinado, e do gasto de centenas de milhões de dólares.
Enquanto isso, até mesmo empresas particulares, nos EUA, já alcançam,
com baixos investimentos, a órbita terrestre, vôos espaciais turísticos
particulares começam a ser realizados, e tecnologias muito mais baratas, como a
de lançadeiras espaciais, foguetes verticais reutilizáveis e até mesmo de um
elevador orbital a laser faz com que corramos o risco de terminar estreando uma
carroça quando cidadãos comuns já estiverem voando para o espaço.
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