(Jornal do Brasil) - Com o controle da informação do que sai a propósito da
Ucrânia nas mãos dos Estados Unidos e da União Européia, muitos dados sobre a
escalada da violência, naquele país, têm sido olimpicamente ignorados, ou
intencionalmente ocultados, pela mídia “ocidental”.
Elas representam apenas a ponta do iceberg do que está
ocorrendo, em uma situação que lembra as vésperas do Golpe Militar no Chile, e
na Argentina, e os dias sombrios que a eles se seguiram:
No dia 22 de fevereiro, em Lvov, Rostilav Vasilko,
primeiro-secretário do comitê local do partido comunista da Ucrânia - na
legalidade - foi falsamente acusado de ter atirado nos manifestantes da Praça
Maidan. Barbaramente torturado por homens encapuzados que ameaçaram matar toda
a sua família – hoje se sabe que os tiros partiram de atiradores da própria
direita – conseguiu atravessar a fronteira e hoje está na Rússia, recebendo
assistência médica.
No dia 23 de fevereiro, foi seqüestrado Alexander Pataman,
chefe da Milícia Popular Antifascista de Zaporiyla, que continua desaparecido.
No dia 24, 6 membros do Tribunal Constitucional da Ucrânia
foram ameaçados e proibidos de continuar trabalhando.
No dia 5 de março, André Purgin, militante antifascista de
Domnetsk, foi sequestrado. No dia 28 de fevereiro, havia vazado uma conversa do
governador provisório - indicado pelos golpistas – da região de
Dniepropetrovsk, na qual afirmava que era preciso “dizer sim a todas as
exigências, a todas as garantias e promessas apresentadas por esses “sacos de
m........” - referindo-se à oposição ao novo governo - mais tarde, vamos pegar um
por um, e enforcar..”
No dia 6 de março, Pavel Gubarev, também da oposição, foi
aprisionado em Donetsk.
Alexander Karitonov, líder local da região de Lughansk, foi
detido pela polícia política do novo governo no dia 14 de março.
No dia 17, foi preso e levado para uma das piores prisões de
Kiev, Anton Davidchenko, dirigente do partido Alternativa Popular.
No mesmo dia 17, neonazistas de um recém-formado “Tribunal do
Povo” de Vinnytsia, invadiu o Hospital Pediátrico da região e exigiu, sob a
mira de armas, a renúncia da médica Tatyana Antonets, diretora da instituição.
No dia 17, depois de receber várias ameaças por telefone e
correspondência, Antyom Timochenko morreu assassinado, tendo sido encontrado
queimado dentro de seu carro.
No dia 20 de março, neonazistas do Pravy Sektor cercaram um ônibus e agrediram estudantes húngaros que
participavam de excursão escolar, em
viagem pedagógica à Transcarpatia, e já estavam retornando ao seu país.
No dia 21, em outro atentado, foi incendiada, com coquetéis
Molotov, a casa de Victor Medvechuk, que só não morreu porque já tinha abandonado
o local e tentava colocar sua família em segurança.
Como o “ocidente” simplesmente se omitiu, chegamos ao que
chegamos, com as mortes que estão ocorrendo agora, depois do massacre da Casa
dos Sinidcatos em Odessa.
Entre as vítimas, um ponto em comum: todas, como qualquer
cidadão ucraniano que tenha mais de 30 anos, nasceram na época em que a Ucrânia
era parte da União Soviética e foram atacadas covardemente, quando estavam desarmadas,
em minoria, ou na calada da noite.
Quando os neonazistas do Pravy
Sektor ucraniano derrubaram a estátua de Lênin, em Kiev, em fevereiro deste
ano, uma octogenária de mais de 80 anos, cujo marido deve ter combatido nas
Forças da União Soviética, na Segunda Guerra Mundial, enfrentou, dignamente, a
multidão coalhada de bandeiras fascistas, para depositar uma coroa de flores em
frente à estátua caída do líder da Revolução de Outubro.
Cercada por brutamontes, ela
foi covardemente agredida, pisada, chutada (foto) inclusive no rosto, sem que ninguém
interviesse, até ficar desacordada.
Os mesmos fascistas que hoje perseguem os judeus e ciganos
nos territórios controlados pelo governo golpista de Kiev, deixaram que a Criméia
fosse russificada sem disparar um único tiro, e não são homens para enfrentar
os cidadãos de língua russa que estão tomando, a peito aberto, o controle de
dezenas de cidades, no oeste da Ucrânia.
Os nazistas também gostavam de espancar e mutilar velhinhos e
crianças indefesas, a pauladas, coronhadas e pontapés, como fizeram nos pogroms da Noite dos Cristais, em 9 de
novembro de 1938.
Pouco tempo depois, sua coragem se esvaía em fezes, à vista
dos soldados do Exército Vermelho, na tomada de Berlim.
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