(Hoje em Dia) - O Governo russo, em plena crise ucraniana, acaba de tornar
oficial a decisão de proibir a entrada, no país, de qualquer alimento
transgênico, ou derivado de organismos geneticamente modificados.
“É necessário proibir
os OGM e impor uma moratória durante dez anos. Assim, nós poderemos planejar as
experiências, os ensaios, e, possivelmente novos métodos de pesquisa que posam
ser desenvolvidos. Ficou provado, não apenas na Rússia, mas também em outros
países do mundo, que os resultados
obtidos até agora são perigosos, e precisam ser rigorosamente monitorados. O
consumo dos OGM pode conduzir a tumores, câncer e obesidade em animais. A
biotecnologia merece ser desenvolvida, mas a produção transgênicos tem que ser
paralisada, afirmou, em declaração à imprensa, Irina Ermakova, da Associação
Nacional para a Segurança Genética da Rússia.
Uma das maiores preocupações russas com a Ucrânia, reside
também justamente no avanço da utilização de sementes transgênicas naquele
país, por intermédio de empresas como a Cargill, que acaba de comprar parte
considerável da UkrlLandFarming - uma
empresa ucraniana que controla meio milhão de hectares de terra - e a Monsanto (foto) que já é responsável pela venda de 40% das sementes usadas pelos agricultores
ucranianos.
Os russos se preocupam com a penetração dessas sementes
transgênicas pela vasta fronteira russo-ucraniana; temem a contaminação de seu
vasto território e dos alimentos consumidos pela população russa por
agrotóxicos como o glifosate.
Agências norte-americanas de ajuda internacional, como a
USAID, são obrigadas, por lei, desde o ano 2.000, a não impor barreiras à
compra de alimentos transgênicos para seus programas de auxílio ao Terceiro
Mundo.
No momento em que, segundo denúncias de ambientalistas, a
Monsanto, aproveitando as negociações do Acordo de Parceria Transpacífico,
pretende diminuir as barreiras existentes para seus herbicidas e suas sementes,
a proibição russa - como maior país do mundo em extensão territorial e um dos
maiores produtores de trigo - pode ser decisiva e entravar os planos da empresa
norte-americana.
Para o Brasil, no entanto, a notícia pode não ser boa. Nosso
país pagará, agora, um alto preço por sua lassitude na aprovação de organismos
transgênicos nos últimos anos - que envolve suspeitas de corrupção, em processo
de investigação - e pela disseminação, sem controle, em anos recentes, de
cópias de sementes transgênicas, a partir das regiões de fronteira.
Justamente no momento em que a Rússia, por causa do conflito
ucraniano, pretende substituir a importação de alimentos ocidentais por outros
fornecedores, principalmente do BRICS, do qual o Brasil é o maior
produtor-exportador de alimentos, corremos o risco de perder essa oportunidade,
por não ter soja natural suficiente, ou estrutura confiável de fiscalização e
transporte de nossas exportações.
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