(Hoje em Dia) - O Mapa da Violência 2014, feito pela FLACSO _ (Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais) sob a coordenação do sociólogo Júlio
Jacob Weilselfisz, nos traz um dado estarrecedor.
Apesar da melhora da renda e do emprego no Brasil nos últimos anos, a
morte tem colhido, por aqui, regadas a sangue, safras cada vez maiores.
O número de assassinatos triplicou nos últimos 34 anos, alcançando um
recorde de 56.337 homicídios em 2012 – o último dado disponível – cifra
superior ao de vítimas fatais da grande maioria dos conflitos que se travam,
hoje, no mundo.
Com 29 mortes intencionais por 100.000 habitantes, matamos menos que
Honduras, que, com 94, é o país que mais mata no mundo e quase o mesmo que o
México. Mas muito menos que Cuba, Uruguai ou Argentina, e três vezes mais que a
média de 10 por 100.000, considerada razoável, pela Organização Mundial da
Saúde.
A questão é que, no Brasil, diante desses números, as pessoas tendem a
achar que o problema da violência tem que ser tratado com mais violência.
Pergunte-se a qualquer cidadão, em um espaço de comentários, nos
portais, ou nas redes sociais, qual é a solução para diminuir o número de
vítimas de homicídio no Brasil, e ele, provavelmente, vai citar, em sua
resposta, primeiro a pena de morte, e depois, a redução da idade penal, o
aumento das penas e sentenças, e a tipificação de mais crimes como crimes
hediondos, como a melhor resposta para essa situação.
A pena de morte, já existe, na prática, no Brasil. Policiais civis e
militares, segundo o Sétimo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, matam, em
média, quatro vezes mais civis que os dos Estados Unidos, por exemplo. Mais que
a polícia do México, um dos países mais violentos do mundo, e mais do que a da
Venezuela, que tem uma taxa de homicídios que é quase o dobro que a do Brasil.
Prender a torto e a direito, sem julgamento e sem assistência ou defesa,
tratando como animal o suspeito, também não vai resolver o problema.
Segundo o Ministério da Justiça, a população carcerária aumentou 509%
entre 1990 e 2012, para um crescimento de 30% da população. O número de presos
sextuplicou, enquanto a população aumentou em um terço, e, hoje, com quase
600.000 presos o Brasil tem a quarta população penitenciária do mundo, 40%
deles em situação provisória, sem ter culpa formada ou ter comparecido diante
de um juiz ou tribunal, ainda.
Isso quer dizer que, longe de prender pouco, no Brasil prende-se – e
mata-se – muito. Prende-se mal, prende-se sem provas, prendem-se os mais
pobres, há pesadas sentenças para crimes leves, e misturam-se, na cadeia,
traficantes e homicidas, e ladrões de galinha.
Enquanto isso, a irresponsável manipulação da opinião pública, por
aqueles que vivem de explorar o medo, leva cada vez mais cidadãos e cada vez
mais policiais à morte. Antes que se fechem atrás de nós os portais do
inferno, é hora de mudar de rumo.
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:
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A cadeia no Brasil, segundo estudos do próprio judiciário, esta lotada dos PPPP = pretos, putas, pobres e pobres brancos.
ResponderExcluirO tráfico de drogas (rotas)estão contribuindo muito para o quadro existente.