(Hoje em Dia) - Plamen Oresharski, o Primeiro-Ministro da Bulgária, acaba de anunciar a
suspensão das obras de um gasoduto a ser construído pelos russos, que serviria
para levar gás à Europa, sem passar pela Ucrânia.
A decisão foi tomada após reunião de membros do governo búlgaro com uma
“delegação” chefiada pelo Senador republicano John Mcain, que se deslocou com
numerosos diplomatas para a capital búlgara, Sofia, para pressionar o governo .
Washington quer impedir a construção do gasoduto que passa pela
Bulgária, por uma razão simples. Com ele, os russos teriam rota alternativa
para levar seu gás à Europa, e poderiam fechar o gasoduto que passa pela
Ucrânia quando quisessem, usando dessa prerrogativa para manipular os
ucranianos.
Surpreendentemente, em um gesto de abjeta sujeição aos Estados Unidos, a
União Europeia apoiou a suspensão das obras, sob alegação de que há dúvidas
sobre o processo de escolha dos vencedores da concorrência, e que é preciso
assegurar que a obra esteja em conformidade com a legislação européia.
Gennadi Timechenko, que lidera o consórcio vencedor, é um dos
empresários russos que está na lista das personalidades sancionadas pelos
Estados Unidos depois dos conflitos na Ucrânia.
Sem alternativas para a obtenção de energia, a Europa confia
demais no gás de xisto norte-americano, que poderia abastecê-la no futuro. Para
que esse gás chegasse ao continente europeu seria necessário gastar dezenas de
bilhões de dólares em navios, terminais portuários e infraestrutura. Além disso
- e mais importante - descobriu-se agora que as reservas norte-americanas desse
combustível fóssil seriam pelo menos dez vezes menores do que foi divulgado
inicialmente, devido a falhas da empresa que fez o levantamento de
seu potencial para o governo dos EUA.
A situação da Rússia, ainda nesse aspecto, é mais confortável. Na
hipótese, improvável, de que a Europa conseguisse diversificar suas fontes de
suprimento, trazendo gás dos EUA, ou explorando gás de xisto diretamente, com
risco de destruição do subsolo e da contaminação do meio ambiente, os russos
teriam como clientes a Índia e a China, com quem acabam de assinar o maior
contrato de fornecimento de gás da história, e seus bilhões de habitantes.
Ao endossar a pressão norte-americana sobre o governo búlgaro, a Europa não se tornará menos, mas ainda mais dependente do gás russo, e de um único caminho para obtê-lo. O que ocorrerá se, daqui a alguns meses, a situação na Ucrânia evoluir para uma guerra civil aberta e esse gasoduto for sabotado, e tiver seu funcionamento interrompido em pleno conflito? Os russos ficarão sem receber, a cada mês, o seu dinheiro, mas os europeus congelarão, no inverno, até a medula, sem a alternativa que poderia haver, dentro de um ano, com a construção do ramal que passaria pela Bulgária.
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Há gasodutos que passam pela Bielorússia, além do novíssimo Nord Stream, que passa pelo Mar Báltico. Portanto, não se trata de um único gasoduto na Ucrânia.
ResponderExcluirMas, sem dúvida, se o Pravy Sektor resolver sabotar os gasodutos que passam pela Ucrânia, a Europa vai ter bastante problema de fornecimento.
Também não entendi o "se" a situação evoluir pra guerra civil. Já é uma guerra civil! Os separatistas abateram um avião de transporte esses dias. Cidades como Slaviansk e Kramatorsk estão sitiadas e estão sendo bombardeadas diariamente com artilharia pesada. Já há até relatos não confirmados de uso de fósforo branco sobre a população. Se isso não é guerra civil, então não sei o que é.
De qualquer maneira, acho que o post foi oportuno. Abraço.