(Hoje em Dia) - Habituados a uma longa historia de lutas e
revindicações, os argentinos tem se mobilizado, maciçamente, contra novo
inimigo.
Não se trata da Nigéria contra quem o time de Messi
joga esta semana em Porto Alegre. Pela televisão, pode-se ver que, ao lado de
cartazes de professores e outras categorias em greve, os muros e tapumes de
Buenos Aires estão cobertos de grandes cartazes, nos quais urubus aparecem
associadas ao dólar e a bandeira dos Estados Unidos.
A opinião publica argentina responde à decisão, tomada
pelo juiz Thomaz Griesa, de Nova Iorque, de dar ganho de causa aos fundos
“abutre” que detém bônus de divida antiga do país, para que recebam alem do
valor que foi pago á maioria dos credores que aceitaram renegociar e dar
descontos, no passado, em troca de receber parte dessa divida.
Os fundos “abutre” se dedicam a comprar, barato,
títulos da divida publica de países em dificuldades, para depois lucrar. mais
tarde, quando sua situação melhora.
A American Task Force Argentina reúne e serve
de fachada para o NML e o Elliot Capital Management, os dois
maiores fundos “abutre” sediados em paraísos ficais. No total, os fundos que
estão acionando, na justiça, a República Argentina são 47. Eles ficaram
com apenas 7 % do total de bônus cujos donos não aceitaram a troca de divida,
nas crises de pagamento de 2005 e 2010. Quem administra a AFTA é Robert
Shapiro, ex-assessor de Clinton, mas quem está por dessa organização é Paul
Singer, especulador norte-americano que controla cerca de 15 bilhões de dólares
em fundos de risco, que há anos compra divida de países como o Peru e Congo,
para depois ganhar fortunas processando os devedores.
O valor em jogo não e muito grande. O governo
argentino já aceitou negociar, e deverá pagar parte em dinheiro e parte em
novos bônus.
O problema é que, em caso de acordo, outros
credores poderiam se sentir tentados a reabrir ações contra a Argentina
na Justiça, mergulhando, de novo, o país, que já se encontra em dificuldades em
uma nova crise da dívida.
A situação argentina é emblemática de um mundo no qual o interesse particular se sobrepõe ao coletivo, e o sistema financeiro global sobre os estados. A iniciativa privada, os fundos e os especuladores, mesmo quando sediados em paraísos fiscais, têm sempre a "regulação" do seu lado.
A situação argentina é emblemática de um mundo no qual o interesse particular se sobrepõe ao coletivo, e o sistema financeiro global sobre os estados. A iniciativa privada, os fundos e os especuladores, mesmo quando sediados em paraísos fiscais, têm sempre a "regulação" do seu lado.
Quando um banco quebra ele é imediatamente
“socorrido”. Se o mesmo ocorre com um povo, as nações não contam com um
marco regulatório definido, e ficam à mercê de um sistema distorcido e injusto,
principalmente quando abrem mão de sua soberania e aceitam se submeter à
justiça de outros países.
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