(Hoje em Dia) - Cascavel é o quinto
município mais populoso do Paraná, e o nome dado às cobras dos gêneros Crotalus
e Sistrulus, que possuem um chocalho característico na cauda.
Em Cascavel, há um
presídio, no qual eclodiu, há três dias, uma rebelião.
Presos ligados ao PCC
denunciaram as más condições do presídio, exigiram e obtiveram a transferência
de detentos para outras unidades e executaram vários reféns, decapitando um
deles, e jogando outros de cima do telhado.
Com cimento, ferro e
pedra, comprados pelo governo ou doados pela iniciativa privada, milhares de
presos condenados, mantidos, hoje, em situação animalesca, poderiam trabalhar
na construção de novas celas para o cumprimento de suas penas em condições mais
dignas.
Milhares de vagas
poderiam ser abertas, também, com assistência jurídica aos 40% da população
carcerária que se encontram atrás das grades sem acusação formal, advogado, ou
julgamento.
Enquanto pequenos
“traficantes” continuam a ser presos, às dezenas, todos os dias, com 20 ou 30
pinos de ácido bórico misturado com bicarbonato e menos de 100 reais em
dinheiro no bolso, transformando-se, nas prisões, em aprendizes e “soldados” de
organizações criminosas, não existe sequer uma lei que proíba fumar em parques
públicos, para evitar que crianças e adolescentes sejam apresentados à merla
e ao crack, quando estão matando aula da escola de segundo grau da esquina.
O sistema, se
quisesse, poderia ter evitado a morte dos reféns assassinados no telhado do
presídio de Cascavel, jogando bombas de gás lacrimogêneo, ou atingindo, de
forma não letal, com o uso de “snipers” e balas de borracha, os detentos
escolhidos para o papel de executores, garantindo, assim, a sobrevivência das
vítimas, que - não importa o crime que tenham cometido - se encontravam sob
custódia do estado.
Mas não o fez.
Às vezes, é melhor
deixar que os assassinatos e as decapitações ocorram, ao alcance das câmeras de
televisão, por seu efeito “didático”.
Cenas como essas
contribuem para a desumanização dos presos aos olhos da sociedade, e para que
muitos justifiquem a tortura de detentos e a ocorrência de massacres como o do
Carandiru. Não importa que, para isso, a Nação passe vergonha, e se evidencie,
para o resto do mundo, as condições medievais que imperam em nosso país, na
área prisional e de segurança, em pleno século XXI.
O que vimos em
Cascavel esta semana poderia ter ocorrido, mais uma vez, em Pedrinhas, no
Maranhão, ou em outras prisões em que se multiplicaram episódios semelhantes
nos últimos anos.
É um símbolo da
venenosa sopa que estamos cozinhando, dentro das prisões, com a mistura de
preconceito, ignorância e incompetência, no trato da questão das drogas em
nosso país.
É preciso saber
ouvir – e interpretar - o som do chocalho da serpente, e mudar de rumo.
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