(Hoje em Dia) - Com a demora da decisão sobre o BRICS CABLE, provocada, entre outras razões, pela crise da Ucrânia, neste ano, os concorrentes passaram à frente e o Google, a estatal uruguaia ANTEL, a Angola Cables e a Algar, brasileira, resolveram fazer um novo cabo de fibra ótica, destinado a aumentar a capacidade de tráfego entre o Brasil e os EUA.Como não dá para controlar o fluxo de informações na internet, uma maior parte dos dados brasileiros dirigidos a outros destinos, como a Europa e a Ásia, passarão por território norte-americano, facilitando ainda mais o trabalho da NSA, e de outras agências de inteligência dos Estados Unidos.
Em novembro de 2013, ou há menos de um ano, o jornal The Washington Post publicou, com o uso de dados e cópias de slides da própria NSA, matérias explicando como a Agência Nacional de Segurança intercepta a comunicação entre servidores do próprio Google e os de outras companhias como o Yahoo, e como essa agência também tem acesso a dados estocados em “nuvem” por companhias privadas de TI dos Estados Unidos.
Para diminuir a preocupação dos usuários, o Google e outras companhias como a Apple, têm aumentado o grau de privacidade de seus novos produtos e serviços, principalmente sistemas operacionais para celular.
A Apple anunciou que no IOS-8 todos os dados pessoais do utilizador, como fotos, mensagens ou e-mails, ficarão protegidos pela senha do usuário, tornando impossível o acesso aos seus dados, mesmo que sejam solicitados judicialmente.
O Google também anunciou que o novo Android Lillipop também vai encriptar automatica e obrigatoriamente os dados do usuário que tenha seu tablet ou smartphone protegido por senha.
Como não chamou a Telebras para entrar no consórcio - parece que é proibido pensar em fortalecer a Telebras no Brasil, embora nada se faça para impedir o monopólio espanhol sobre nosso mercado, com a compra da GVT pela Telefónica, dona da Vivo e da antiga Telesp - o governo precisa cobrar, da Algar, única empresa nacional participante, que medidas de segurança serão adotadas para proteger as informações originadas em nosso território, e fazer o mesmo com o Google.
Naturalmente, o governo norte-americano reagiu contra essas decisões. O diretor do FBI, James Comey, disse que as empresas “estão indo longe demais” na preocupação com a privacidade dos usuários e pediu mais poderes para as autoridades, que, na sua opinião, foram gravemente afetados no que chamou de “era pós-Snowden”.
No caso do cabo ótico do Google, ainda assim é preciso saber quem dominará o negócio, se a empresa norte-americana, ou os uruguaios, angolanos e brasileiros envolvidos.
Não porque isso vá fazer, eventualmente, muita diferença, considerando-se que os dados e informações poderão ser interceptados pela NSA em sua chegada, ou ao passar pelos EUA, mas, pelo menos, para deixar claro que estamos atentos ao assunto.