(Hoje em Dia) - O dia 7 de setembro, assim como o dia 21 de abril, deveria nos lembrar Tiradentes, e outros heróis que o antecederam e sucederam, e que, como ele, deram sua vida pela ideia de construir, no sul da América, a grande nação de que falava o alferes.
Os heróis de Massangano e Guararapes, das guerras contra os franceses e os holandeses, gente que, aqui, não defendia a metrópole portuguesa, mas a terra em que tinha nascido, nossas praias, selvas montanhas e planícies, o sangue de seus pais e o destino de seus filhos.
Os que lutaram na Serra dos Palmares, na Balaiada, na Cabanagem, na Revolta dos Malês, na Guerra de Independência.
Os que pereceram defendendo o seu direito a um mínimo de pão e dignidade, em Canudos e no Contestado.
Os que lutaram pela Liberdade e pela Democracia, nos campos e montanhas da Europa, em Monte Castello, Castelnuovo, Collecchio, Montese e Fornovo di Taro.
Os que lutaram pela soberania nacional, como Getúlio e Juscelino, e pela volta do estado de direito, combatendo e perecendo nas trevas da tortura e dos porões, até o fim da ditadura, com as campanhas da Anistia, das Diretas Já, e da eleição de Tancredo Neves, que também morreria em um 21 de abril, antes de tomar posse como presidente da República.
Deveríamos, todos, escutar o eco do alferes, que reverbera nos túneis espiralados da história, como um momento singular da nossa formação.
Há quem ataque a figura de Joaquim José da Silva Xavier. Há quem diminua seu papel na Conjuração Mineira, que mais tarde inspiraria a independência e os ideais republicanos, ao longo do século que se seguiu à sua morte.
São dúvidas e contradições, até certo ponto, subjetivas, e interessam mais aos historiadores do que ao homem comum.
O que importa é que as nações, como as pessoas, são forjadas e crescem por meio de episódios e personagens que marcam sua evolução futura, e inspiram o surgimento de outros heróis, que se unem para sintetizar o sentido da Pátria, ligando o ontem e o amanhã, e projetando a glória, a soberania e a honra que são o amálgama dos povos e de seus territórios.
Isso é verdade, pelo menos, para aqueles que amam o chão em que vieram ao mundo, e que são capazes de se sacrificar por algo mais do que o seu próprio conforto, riqueza e a parte que conseguirem de certo tipo de felicidade, fugaz e superficial, neste mundo.
Para outros, os egoístas, os céticos, os que fazem questão de se manter odiosos e ignorantes, os que se embasbacam por outras nações e bandeiras, nenhum herói, ou sua projeção, fará diferença.
Esses venderiam o país por um carro mais confortável, mesmo que fosse feito lá fora, sem gerar um miserável emprego aqui dentro, ou por um litro de gasolina mais barata, feita por uma empresa estrangeira, do outro lado do planeta, mesmo que a indústria de óleo e gás seja responsável por 13% do PIB do Brasil, quinto maior país em extensão territorial e população e sétima maior economia do mundo.
Romanceiro da Inconfidência deveria ser leitura obrigatória em nossas escolas...
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