(Hoje em Dia) - A notícia de que a Iveco cogita fechar sua linha de produção de blindados da fábrica de Sete Lagoas, caso não receba novas encomendas do Exército, é emblemática do ponto de vista das negativas consequências estratégicas que podem trazer para o país as medidas de ajuste em fase de execução pelo governo federal.
Em Minas Gerais, não estão sendo produzidos apenas os tanques Guarani (cerca de 2.000 encomendados, 130 já entregues), mas também, na cidade de Itajubá, a nova família de rifles de assalto IA-2, em fabricação pela Imbel, e cinquenta novos helicópteros EC-725 Super Puma, encomendados à Helibras para servir às Forças Armadas.
O Ministério da Defesa foi um dos que receberam maiores cortes no orçamento deste ano, da ordem de 5,6 bilhões de reais.
Está sendo decidido como será feito o contingenciamento, e o ministro da Defesa, Jaques Wagner, teria dito, recentemente, em reunião com os ministros militares, que a prioridade é evitar a paralisação total dos programas estratégicos mais prioritários, como o Prosub, que abarca a construção de quatro submarinos convencionais e um a propulsão nuclear, e o Gripen NG-BR, de 36 novos caças supersônicos para a Força Aérea Brasileira, que está sendo realizado em conjunto com a Saab sueca.
Isso deixaria de fora a fabricação dos tanques Guarani, pela Iveco, assim como o Prosuper, de construção de navios para a Marinha, e – provavelmente – o avião cargueiro militar KC-390, da Embraer, que, por ter feito seu voo inaugural neste ano, é um dos programas que se encontra em estágio mais avançado de desenvolvimento.
Os programas de modernização e potencialização de aeronaves, como os A-1 e F-5E da FAB, e os AF-1 da Marinha, se encontram virtualmente paralisados.
Os cortes da defesa são trágicos, porque surgem em meio ao maior processo de reaparelhamento das Forças Armadas da história brasileira, e porque atrasos e paralisações nessa área, com a eventual demissão de pessoal altamente qualificado, levam, inevitavelmente, à perda de conhecimento e aumentam o fosso tecnológico que nos separa de outras nações mais adiantadas.
Extremamente pressionada, antes e logo depois da posse em seu segundo mandato, a presidente da República optou por escolher, a toque de caixa, um nome que agradasse o “mercado”, e primasse pela ortodoxia.
O chamado ajuste fiscal só tem servido, até agora, para aumentar os juros que vão para os bancos e criar mais problemas para o governo, municiando os ataques que recebe dentro e fora do Congresso Nacional.
Para seguir em frente, não podemos paralisar projetos estratégicos e prioritários, que se estruturam técnica e produtivamente ao longo do tempo, como os de defesa.
Para combater a crise, o caminho não é a recessão, mas juros mais baixos, mais produção e mais empregos.
3 comentários:
Caro Mauro,
Nós temos uma vocação pacífica em relação ao mundo exterior. Não temos inimigos naturais, nem fronteiras com vizinhos complicados. Em suma, não faz sentido gastarmos os poucos recursos que ainda temos em armamento pesado. E não podemos e nem queremos competir com os Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China, Japão e Israel em coisas "úteis”, como minas e tanques “inteligentes”.
Porém, ao mesmo tempo, somos campeões mundiais em criminalidade e assistimos a verdadeiros massacres quotidianos nas nossas ruas e bairros. Impomos restrições e punições draconianas a qualquer tentativa de compra e / ou porte de armas por cidadãos honestos e trabalhadores. Ao mesmo tempo fechamos os olhos quando o armamento é utilizado por marginais (uma multa?!) ou menores (uma repreensão?!).
Países não tem vocações, tem interesses. Somos o quinto maior país do mundo em extensão territorial e população, e é ingenuidade achar que não temos riquezas que interessem aos outros. Quanto ao não poder competir com outros países em defesa, isso é bobagem, quando começaram a fabricar armas, nenhum dos países citados por vossa excelência, dos EUA a Israel, que há pouco mais de 60 anos sequer existia, tinham condições de competir com as potências da época. O melhor caminho para ser controlado pelos outros, é não começar a se armar, nunca. Quanto à questão da violência dentro do país, não tem nada, absolutamente nada, a ver com o assunto em pauta, amigo.
Descuidar da defesa é uma tragédia do ponto de vista estratégico e geo-político.
Obs.: uma parte do texto está repetida. Favor observar e corrigir.
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