30 de nov. de 2015

O PRESIDENCIALISMO E A CONSPIRAÇÃO VERMELHA.





(Jornal do Brasil) - Informações publicadas pelo jornal O Estado de São Paulo, na semana passada, dão conta de que a Procuradoria Geral da República teria enviado ao STF pedido de reversão da decisão do Ministro Teori Zavascki, de afastar da órbita da Operação Lava Jato, ações que não pertencem à sua jurisdição, como a relacionada à Eletronuclear, já encaminhada para o Juiz Marcelo Bretas, da Sétima Vara Federal, no Rio de Janeiro.

O pedido estaria baseado em duas justificativas, a de que “aponta “ação” (sic) de uma “sistemática” (sic) criminosa igual à investigada na Petrobrás” e a de que um esquema único de “compra” de apoio político teria nascido na Casa Civil em 2004, com o objetivo de garantir a governabilidade e a permanência no poder. Para isso, segue o texto, “teriam sido distribuídos cargos em diferentes áreas do governo, gerando uma “máquina” “complexa” e estruturada de desvios para financiar partidos, políticos e campanhas eleitorais.”

Ora, se a questão é a “sistemática” ser igual, todos os crimes de latrocínio, por exemplo, deveriam ser investigados por um mesmo grupo e julgados pelo mesmo magistrado, já que têm uma mesma mecânica e um mesmo resultado.

Um único juiz ficaria responsável por todos os crimes de tráfico de drogas do país; a outro, seriam encaminhadas todas as ações relacionadas a estelionato, e vários inquéritos, envolvendo corrupção e financiamento indireto de candidatos e partidos, como o Mensalão “Mineiro”, o escândalo dos trens de São Paulo, e dezenas de outros, ainda dos tempos das privatizações, nos anos 90, também deveriam ser encaminhados ao Juiz Sérgio Moro, se – como demonstra a sua atuação no Caso Banestado – ele viesse a agir com o mesmo “rigor” e “empenho” com que está agindo agora.       

Neófitos em política – ou exatamente o contrário – os procuradores que encaminham o pedido ao STF (segundo a matéria, “ligados” ao Procurador Geral da República, Sr. Rodrigo Janot); assim como os seus colegas e o juiz que estão envolvidos com a “Operação Lava Jato” tentam, já há tempos,  transformar, aos olhos do país,  em uma sofisticada e acachapante conspiração, o que nada mais é do que o velho Presidencialismo de Coalizão em seu estado puro.

Um sistema com todos os defeitos e eventuais problemas de uma democracia em funcionamento pleno, que se desenvolve – como em qualquer lugar do mundo - na base da negociação de interesses de indivíduos, grupos de pressão, partidos políticos, funcionários públicos de confiança e de carreira e empresas estatais e privadas.

Então, agora, assegurar a governabilidade - a primeira responsabilidade de qualquer governo - em absurda inversão de valores, virou "conspiração"?

Sem obras – casas, pontes, estradas, refinarias, usinas hidrelétricas, ferrovias, navios, plataformas de petróleo - não há desenvolvimento e  não existem votos.

Desde que o mundo é mundo, e não desde 2004, como quer nos fazer acreditar a Operação Lava Jato, votam-se verbas para obras – aí estão as emendas parlamentares que não nos deixam mentir – indicam-se diretores de estatais, loteiam-se cargos entre partidos aliados, apresentam-se empreiteiras para a sua execução, realizam-se os projetos e as empresas – preventivamente - para evitar ficar de fora das licitações, ou antipatizar-se com gregos e troianos, financiam partidos e candidatos de todas as cores e de todos os matizes, porque não têm como adivinhar quem vai ganhar que eleição, ou qual será a correlação de forças que sobrevirá a cada pleito.

Esse esquema funciona, assim, desde os tempos do Império e da República Velha e se repete nos Estados, com as Assembleias Legislativas, e nos municípios, com os executivos e câmaras municipais, e, se o PT conspirou ou conspira para “manter-se no poder”, na essência e na lógica da atividade política, ele não faz mais do que faria qualquer outro partido;

Ou há alguém que acredite existir agremiação política que tenha como “objetivo” programático o abandono do poder?

Nisso, o PT, e os outros partidos, fazem o que sempre fizeram os chefes tribais, desde que deixamos de ser coletores e caçadores e nos reunimos em comunidades, ou os políticos gregos, ou os imperadores romanos, ou os reis medievais, ou os partidos e forças que antecederam a ascensão do próprio Partido dos Trabalhadores ao Palácio do Planalto, que, para manter-se nele, chegaram até mesmo a mudar o texto da Constituição Federal, para passar no Congresso – em polêmica e questionável manobra - o instituto da reeleição.

A Democracia - e o Presidencialismo de Coalizão, ou o Parlamentarismo, em que muito menos se governa sem negociação e conciliação de interesses - pode ter defeitos, mas ainda é o melhor sistema conhecido de governo.

Tendo, no entanto, problemas – e sempre os terá, em qualquer país do mundo, pois que se trata mais de um processo do que de um modelo acabado - cabe à classe política, que, com todas as suas mazelas, recebeu a unção do voto – todo poder emana do povo e em seu nome será exercido, ou já nos esquecemos disso? – resolvê-los e não ao Ministério Público, ou a um juiz de primeira instância fazê-lo.

E, muito menos, inventar com esse pretexto, uma teoria conspiratória cujo único objetivo parece ser o de garantir que se lhe transfira, a ele e ao seu grupo, cada vez mais poder e força.

Até mesmo porque, como todos os cidadãos, os jovens procuradores da PGR, assim como os da Operação Lava Jato e o juiz responsável por ela, têm, como qualquer brasileiro, suas preferências políticas, simpatias ocultas, idiossincrasias, seu time de futebol do coração, sua confissão religiosa, seu piloto preferido de Fórmula Um.

Afinal, como diz o ditado, o que seria do azul, se todos gostassem do amarelo?

O que não se pode esquecer é que, se quiserem fazer política, devem candidatar-se e ir atrás de votos e de um lugar no Parlamento, e não misturar alhos com bugalhos, ou querer exercer atribuições que não têm, e que não podem ter, nesta República, pois que não lhes foram conferidas por mandato popular.

Deve, portanto, quem está à frente da Operação Lava Jato, limitar-se, sem paixão, parcialidade, vaidade ou messianismo, tecnicamente, ao seu trabalho, que pode ser exercido por quaisquer outros policiais, procuradores ou juízes, em outros  lugares do país, respeitando-se a jurisdição, as regras e os limites impostos à sua atuação, porque nem mesmo a justiça pode se colocar - como muitos parecem ter se esquecido nos últimos tempos - acima da Lei e da Constituição, cujo maior guardião é, como reza o seu próprio nome, o Supremo Tribunal Federal.

Ninguém discute a necessidade de se combater a corrupção, de preferência - como nem sempre tem ocorrido – a de todos os partidos.

Ninguém também vai querer botar a mão no fogo com relação a partidos que, depois de chegar ao poder, deixaram entrar toda espécie de oportunistas, oriundos de outras agremiações, ou nomeados por governos anteriores, que depois fizeram falcatruas no cargo que estavam ocupando. 

Como quase todos os partidos políticos, o PT teve seus acertos e também seus eventuais erros nos últimos anos, e deve enfrentá-los de frente, até mesmo porque a imensa maioria de seus militantes é fundamentalmente, correta, nacionalista, não entrou no partido de pára-quedas e não andou por aí prestando "consultorias".  

O que não se pode aceitar é pôr ao alcance de apenas uma pessoa, de um único juiz, um imenso universo de milhares de empresas que realizaram negócios com o governo federal nos últimos anos, em qualquer lugar ou circunstância, colocando automaticamente sob suspeição qualquer pessoa que tiver, em princípio, feito negócios com qualquer uma dessas empresas.

Também não se pode agir, como se partidos de oposição não tenham estado envolvidos, antes e depois de 2004, em alguns dos maiores escândalos de corrupção da história recente, dos mais antigos, como o do Banestado, passando pelos mais simbólicos, como o do Mensalão “Mineiro”, aos mais novos, como o do Trensalão Paulista – cujo inquérito está completando seu primeiro aniversário na gaveta do Ministério Público de São Paulo - todos abafados, ou conduzidos de forma a prescreverem, ou não se punirem os seus principais envolvidos, não lhes acarretando - por parte da justiça, ou da mídia, até agora - quase que nenhuma conseqüência.

Também não se pode acreditar que só o governo federal possa corromper, porque, como explicam os que acreditam nessa fantasiosa teoria conspiratória, é a União que teria a "caneta".

Como, se, por acaso, a oposição também não tivesse a sua, em alguns dos principais estados e municípios do país, como é o caso, emblemático, de São Paulo, unidade da Federação na qual arrecada – e administra - aproximadamente 150 bilhões de reais por ano em impostos, há mais de duas décadas.

Não podemos agir como se a corrupção, no Brasil, tivesse sido inaugurada com o estabelecimento de uma espécie de Protocolo dos Sábios do Sião, do PT, ao urdirem uma conspiração nordestino-bolchevista internacional, com estreitas ligações com o "bolivarianismo", e o "perigosíssimo" Foro de São Paulo, para dominar a América Latina, e, quem sabe - como o "Pink" e o "Cérebro" do desenho animado - o mundo.

Uma conspiração “comunista” que passou o país da décima-terceira economia do mundo, em 2002, para a oitava maior, agora; que pagou, rigorosamente, sem contestar, toda a dívida que tínhamos com o FMI; que emprestou generosamente – e por isso também tem sido acusada – dinheiro do BNDES para empresas privadas, não apenas nacionais, mas também multinacionais; que acumulou mais de 370 bilhões de dólares em reservas internacionais, aplicando-as majoritariamente em títulos do seu, teoricamente, arqui-inimigo,  Estados Unidos da América do Norte; que deu aos bancos alguns dos maiores lucros de sua história; que praticamente duplicou a porcentagem de crédito na economia; e diminuiu a dívida líquida pública pela metade nos últimos 13 anos.          

Como se, anteriormente, partidos não negociassem alianças e coligações, nem as financiassem, como fez o PT, no caso da Ação 470, ajudado em um empréstimo, pago, depois, a um banco, obtido pelo Sr. Marcos Valério, que, claro, para o Ministério Público, ao que parece, é como se nunca tivesse trabalhado para o PSDB antes.

Como se os 12 Sábios do Sião do PT, reunidos, bebendo cachaça, em algum boteco do ABC, tivessem resolvido, inédita e insidiosamente, em certo encontro secreto, primitivo e clandestino, corromper a pobre classe política nacional - tão ingênua e impoluta como um bando de carneiros - e também o empresariado brasileiro.

Como se, anteriormente, nenhuma empreiteira fizesse doação de campanha, ninguém fosse a Brasília para conseguir obras, não existisse lobby nem Caixa 2, políticos e ex-políticos não prestassem “consultorias” a empresas particulares, e nem se montasse a  negociação de partidos para aprovação de medidas provisórias, ou de emendas, como, por exemplo, lembramos mais uma vez, a da reeleição do Sr. Fernando Henrique Cardoso.

E a Nação dormisse, inocente e serena, sonhando com flores e passarinhos em berço esplêndido, e tivesse sido despertada violentamente, de repente, por um emissário do inferno, vermelho e barbudo como o diabo, que chegou do Nordeste de pau de arara, para acabar com o seu sono e conspurcar-lhe, covarde e impiedoso, a virginal moralidade que ostentava antes.

Finalmente, se formos nos deixar dominar pela imaginação e pelo delírio conspiratório, qualquer um poderá pensar e afirmar o que quiser.

Até mesmo que pode haver, mesmo, uma conspiração em curso.

Mas não para entregar o Brasil ao PT ou ao comunismo.

Mas para derrubar, usando como biombo uma campanha  anticorrupção pseudo moralista, seletiva,  dirigida e  paranoica, um governo legitimamente eleito há pouco mais de um ano.

Trabalhando deliberadamente para chegar, de qualquer forma, e o mais depressa possível, à Presidente da República, na tentativa de tirá-la do Palácio do Planalto da forma que for possível, com um jogo escalado e proposital de prisões sucessivas e de “delações”.


Uma espécie de “corrente” no qual uma pessoa é presa – seja por qual motivo for (na falta de provas, muitos podem imaginar que se estejam produzindo “armadilhas”, suposições, ilações, combinações) e delata outra, que também é presa e passa a participar, obrigatoriamente, da trama, delatando também o próximo da “fila” – ou o novo degrau de uma escada que até mesmo no exterior já se imagina aonde vai chegar - sob pena, caso se recuse, de permanecer anos e anos na cadeia sem nenhuma garantia ou perspectiva real de proteção por parte do direito ou da justiça, enquanto bandidos apanhados com contas de milhões de dólares no exterior vão sendo, paulatina e paradoxalmente, soltos.      

27 de nov. de 2015

O PORRETE E O VIRA-LATA.



(Jornal do Brasil) - No momento em que se levantam, novamente, as vozes do neoliberalismo tupiniquim, exigindo uma rápida abertura comercial do Brasil para o exterior, e o PMDB inclui, em seu documento Uma Ponte para o Futuro, a necessidade do Brasil estabelecer acordos comerciais com a Europa e os EUA, lembrando a iminência e a imposição “histórica” do Acordo Transpacífico, e em que mídia tradicional segue com sua insistência em defender como modelo a ridícula Aliança do Pacífico, a União Européia - depois de enrolar, durante anos, nas negociações com o MERCOSUL - parece que vai simplesmente “congelar” as negociações entre os dois blocos.


A razão é clara.

Por mais que se esforcem os vira-latas tupiniquins, fazendo tudo que os gringos querem, oferecendo quase 90% de liberação de produtos, os protecionistas europeus simplesmente se recusam a concorrer com o Mercosul na área agrícola - justamente onde somos mais competitivos.

E, além disso, como se não bastasse, a UE como um todo, para dificultar, hipocritamente, ainda mais o fechamento de um acordo, exige o equivalente a uma rendição total da nossa parte:

A liberação de quase 100% dos produtos e livre acesso, para suas empresas, como se nacionais fossem, a setores como serviços de engenharia e advocacia e ao gigantesco mercado de compras governamentais brasileiro, de dezenas de bilhões de dólares.

O recado é óbvio:

Não adianta ficar ganindo e mendigando com olhar pidão, para ter atenção ou uma migalha, porque não vamos ceder um centímetro, e, mesmo que vocês façam tudo, tudo o que queremos, poderão não ganhar nada em troca, está claro?

Como lembramos outro dia, grandes potências impõem acordos comerciais, e os pequenos países os assinam.

Nações que não tem uma indústria tão desenvolvida como a nossa, como a Argentina, ou outras, que, com salários miseráveis, se transformaram em mera linha de maquila, tendo prejuízos no comércio exterior, apesar de trabalharem como burros de carga montando produtos destinados a terceiros mercados, como o México (vide O México e a América do Sul), não tem outra saída a não ser se associar a outros países (esse é o projeto do Brasil para a América do Sul, por meio do Mercosul e da UNASUL) ou assinar acordos comerciais desvantajosos, para se integrar, subalternamente, à economia mundial.

Países maiores, com grandes mercados consumidores reais ou potenciais, como a China, preferem fechar suas economias durante anos, dedicando-se a desenvolver seu mercado interno, a indústria e a tecnologia, abrindo seletivamente seu território a empresas estrangeiras e cobrando um alto preço para quem quisesse ter acesso a ele, para depois se impor,  comercialmente, ao mundo.

A pergunta é a seguinte:

Vamos nos atrelar, como um mero vagão de commodities, ao trem puxado pela Europa e os Estados Unidos, onde sempre seremos tratados, apesar de nossos eventuais progressos, como um povo de segunda classe, ou, em nossa condição de oitava economia do planeta, vamos tentar estabelecer um projeto próprio e soberano, de longo prazo, como fazem outras potências intermediárias do nosso tipo, como a China, a Rússia e a Índia, que, aliás, não têm - nenhuma delas - acordos de livre comércio com a Europa ou os EUA?

Tentar emular, abjetamente os outros, e lamber o sapato alheio é fácil.

Difícil é trabalhar para erguer  no quinto maior território do mundo – assumindo a missão e o sacrifício –uma nação justa, forte, e independente, e legá-la, como fizeram em outros países que muitos no Brasil admiram e “copiam”, como um estandarte de honra e de prosperidade, para os nossos filhos.

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22 de nov. de 2015

O BRASIL DOS JATOS E O BRASIL DA LAVA-JATO.



(RBA) - Neste singular momento da vida nacional, o país está dividido, cada vez mais, em dois que parecem não compartilhar a mesma realidade ou o mesmo território.


Para o Brasil da Lava Jato, do impeachment, da mídia seletiva e conservadora, o que defende a volta da ditadura, a tortura e a quebra do Estado de Direito, este é um país podre, quebrado, mergulhado até o talo na corrupção, política e economicamente inviável até não poder mais. 


Para o Brasil dos jatos Gripen, cuja transferência de tecnologia a presidenta Dilma Rousseff foi negociar em outubro na Suécia, o Brasil da Força Aérea, da Aeronáutica, do Exército, da engenharia, da indústria bélica, da indústria pesada, da indústria naval, da indústria de energia, do petróleo e do gás, do agronegócio, da mineração, este é o país que, mesmo com todos os seus problemas, depois de anos e anos de abandono e estagnação, pagou a dívida com o FMI; voltou a pavimentar e a duplicar rodovias; retomou obras ferroviárias e hidroviárias; retomou a produção de navios e passou a fabricar plataformas de petróleo, armas, satélites, sistemas eólicos, mergulhando, na última década, em dos maiores programas de desenvolvimento de sua história. Seria bom se o Brasil da Lava Jato se concentrasse em prender os corruptos, aqueles com milhões de dólares em contas na Suíça, e não em libertá-los – como está fazendo com o Sr. Paulo Roberto Costa, dispensado até mesmo de sua prisão domiciliar –, no lugar de manter aprisionados, arbitrariamente, quase que indefinidamente, dirigentes de partido sem nenhum sinal ou prova de enriquecimento ilícito e executivos de nossas maiores empresas.

A maioria delas ligada, direta ou indiretamente, a um amplo e diversificado programa de rearmamento e infraestrutura que engloba a construção de nossos novos submarinos convencionais e atômicos; de nossos novos (foto) caças Gripen NG BR; do nosso novo avião cargueiro militar multiuso KC-390 – a maior aeronave já fabricada no Brasil; de 1.050 novos tanques blindados Guarani; de nossos novos rifles de assalto IA-2; de nossos novos sistemas de mísseis de saturação e de cruzeiro, como o Astros 2020 e o AVTM-300 da Avibras – com alcance de 300 quilômetros; de nossos novos mísseis ar-ar como o A-Darter; de nossos novos radares como os Saber; de nossos novos e gigantescos complexos petroquímicos e refinarias de petróleo, como Abreu e Lima e Comperj; de nossas novas plataformas de petróleo com capacidade para produção de centenas de milhares de barris de óleo por dia; de nossas novas e gigantescas usinas hidrelétricas, como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte – a terceira maior do mundo; de nossa nova frota de navios da Transpetro, do tipo Panamax, com capacidade de transporte de 650 mil barris de combustíveis cada um; de nossas novas embarcações de guerra, que voltamos até mesmo a exportar; de nossos novos satélites de comunicações; ou de portentosas obras de engenharia como a ponte sobre o Rio Negro, em Manaus, e a ponte Anita Garibaldi, em Laguna, Santa Catarina.

Esse é o Brasil da estratégia, do longo prazo, que a mídia conservadora nacional optou, há muito tempo, como fazem os ilusionistas das festas infantis, por esconder com uma mão, enquanto mostra como uma grande novidade, com a outra mão, o Brasil de uma “crise” e de uma “corrupção” seletiva e repetidamente exageradas e multiplicadas ao extremo.

Há um Brasil que deveria estar acima das disputas político-partidárias, que cabe preservar e defender. Quem quiser fazer oposição precisa, se quiser chegar ao poder, mostrar, com um tripé baseado no nacionalismo, na unidade, e no desenvolvimentismo, que estará comprometido com o prosseguimento desses programas, fundamentais para o futuro da Nação. Com todos os seus eventuais problemas, que podem ser solucionados sem dificuldades, eles conformam um projeto de Nação que não pode ser interrompido, cuja sabotagem e destruição só interessa aos nossos inimigos, muitos dos quais, do exterior, se regozijam com o atual quadro de fragmentação e esgarçamento da sociedade, antevendo o momento em que retomarão o controle de nosso destino e o de nossas riquezas.

Seria bom que o Brasil da Lava Jato – considerando-se os que comandam a operação homônima – trabalhasse com responsabilidade e cidadania em sua missão, separando o joio do trigo, prendendo quem tiver de prender, mas evitando, no lugar de incentivar, os danos colaterais para empresas e projetos estratégicos que empregam milhares de pessoas, nos quais já foram investidos bilhões e bilhões de dólares – protegendo e não arrasando, como já está ocorrendo, parte da indústria pesada e da
engenharia nacionais.

Seria bom se o Brasil da Lava Jato – considerando-se os que torcem pela “operação” – tratasse a questão da corrupção sem partidarismo e seletividade, preparando-se para o pleito do próximo ano, já que não há melhor lugar do que uma urna para que o desejo e a determinação – e até mesmo a eventual indignação – de um povo livre, civilizado e democrático possam se manifestar.

Seria bom, muito bom, se o Brasil da Lava Jato, o do impeachment, o de quem defende uma guerra civil e o “quanto pior, melhor” permitisse, em benefício do futuro, da soberania e da economia nacional, que o Brasil dos jatos Gripen, da oitava economia do mundo, dos US$ 370 bilhões de reservas internacionais, de uma safra agrícola de 200 milhões de toneladas, o terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos – e que pertence não a um ou a outro partido, mas a todos os brasileiros – pudesse continuar a trabalhar.

21 de nov. de 2015

EM BRASÍLIA, O ALVO É A DEMOCRACIA.





Esta semana, o encontro de uma manifestação de mulheres negras contra a violência e o racismo e um grupo de golpistas de extrema-direita acampados em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, quase  acabou em tragédia, quando um ex-policial maranhense  reformado - já preso antes no mesmo local, alguns dias antes  - e um policial civil do Distrito Federal foram detidos depois de disparar suas armas. 
Os golpistas – infiltrados por malucos e por provocadores armados que sabem muitíssimo bem o que estão fazendo - que acamparam em frente ao Congresso Nacional com um general de brinquedo, não querem o impeachment nem uma intervenção militar.
Cansados de saber que o apoio a essas teses está, ao menos nas manifestações, minguando a olhos vistos, eles estão – como já poderia ter sido detectado há muito tempo pelos órgãos de inteligência, como a ABIN - munidos de revólveres, picadores de gelo, de soco inglês, de bastões e de impunidade – só falta o apoio declarado das forças policiais que deveriam coibi-los - aguardando que se produzam as primeiras mortes, uns cinco ou seis cadáveres, de preferência, em um eventual confronto, com vítimas de parte a parte, para que a Nação se incendeie.
Cabe ao Congresso, ao Governo Federal, se necessário, com a convocação de tropas do Exército, proibir, até segunda ordem, indiscriminadamente, a realização de manifestações de qualquer natureza ou orientação ideológica, fechando e controlando o acesso à Esplanada dos Ministérios.
Onde estão o Senado, a Câmara dos Deputados, a Presidência da República, o Ministério da Justiça, os órgãos de inteligência, o Governo do Distrito Federal, a Corregedoria da Polícia Civil desse governo, e a Polícia Federal?  
Alguém imagina que a presença de “manifestantes” armados em frente à Casa Branca, em Washington, ou na Praça Vermelha, em Moscou, ou na Praça da Paz Celestial, em Pequim - e a sua prisão, para serem liberados, horas depois, depois de terem sido simplesmente “ouvidos” - seria tolerada, ou vista, em alguma circunstância, como “normal”?
A Guerra Civil da Ucrânia, que já gerou milhares de mortos e esfacelou – até geograficamente – o país, começou com a instalação de acampamentos neonazistas na Praça Maidan, seguida da infiltração de atiradores fascistas nos telhados, que dispararam contra a multidão, para acender a centelha que deu início a um conflito generalizado que ainda não terminou.
Quem pariu Mateus que o embale.
A responsabilidade de desarmar a bomba da violência antidemocrática é, em primeiro lugar, da oposição,
Foi a oposição que apostou na criminalização e na judicialização da política, com a distorção e condenação, aos olhos de uma minoria radical, despolitizada e ignorante, de práticas que eram useiras e vezeiras - como diz o ditado - no sistema presidencialista brasileiro.
Entre elas, o recurso ao Caixa 2; o financiamento de  coligações de apoio; e as doações empresariais de campanha, acreditando, piamente, que isso iria atingir apenas o governo, sem se voltar, como um bumerangue, como já está ocorrendo, contra si mesma.
E, em segundo lugar, a responsabilidade é do governo.
Por não ter reagido, desde o início - como não o fez até agora – aos insultos individuais lançados contra certas lideranças e a própria Presidente da República, assistindo passivamente à escalada cotidiana, semanal, de ódio e de desinformação, e aceitando – porque quem cala, consente – a condição de ladrão, terrorista, e outros termos impublicáveis, com que têm sido brindados, por internautas, com nome e sobrenome, na internet, sem nenhuma reação do ponto de vista jurídico.
E, como se isso não bastasse, o governo pecou também por incompetência, ao não apresentar – ao menos em rede nacional de televisão – a formulação e defesa do projeto, que, bem, ou mal, tentou estabelecer para o país nos últimos anos.
Um programa que estava baseado, entre outros pontos, no fortalecimento diplomático do país, com a liderança da integração latino-americana, e a criação do Grupo dos BRICS, e conquistas como a presidência da FAO e da Organização Mundial do Comércio.
Na recuperação dos fundamentos macroeconômicos, com a diminuição da dívida pública líquida, e da dívida externa - com o enxugamento dos títulos denominados em moeda estrangeira - e o aumento, em mais 1000% das reservas internacionais.
E na expansão da safra agrícola; na produção de energia e na exploração de petróleo; na recuperação, com o PAC, da infra-estrutura, com a construção de portos, refinarias, grandes hidrelétricas; e no planejamento e execução do maior esforço de rearmamento das Forças Armadas do país em 500 anos de história.
Como estamos alertando há anos, exaustivamente - nós e outras vozes isoladas - se o golpismo tivesse sido combatido desde o começo, com base na legislação vigente - a apologia à quebra do Estado de Direito é crime, vide o artigo quinto da Constituição Federal, que diz XLV - "constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; a Lei de Segurança Nacional, que considera, no Artigo 22, crime "fazer, em público, propaganda: I - de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social; e o Artigo 23, I - que se refere à incitação, I - à subversão da ordem política e social; II- à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; ou, III - à luta com violência entre as classes sociais, e próprio Código Penal, sobre a incitação ao crime - pelos Três Poderes da República, a serpente não teria eclodido, e não estaria presente e armada, provocando o Estado e a Nação, na praça que leva o seu nome.
Na imposição de limites que não devem ser ultrapassados, o governo poderia aprender com o Exército, que, outro dia, simplesmente proibiu a presença de certo expoente da extrema direita que vive no exterior em sua página de comentários, por este estar insultando – como se estivesse na Casa da Mãe Joana – o Comandante da força, General Villas Bôas.

O pior de tudo, é que a maior vítima de tudo isso, não são nem o governo, nem a oposição, apesar de desmoralizados aos olhos de parte da população, mas a própria Democracia, também execrada e vilipendiada, sem resposta, ou quase nenhuma defesa, nos grandes portais da internet e redes sociais, enquanto o fascismo – ansioso para receber de braços abertos os escombros da República - milita com competência nesses espaços e fora deles, em franca e aberta campanha para as eleições presidenciais de 2018, sem denúncia nem fiscalização por parte de quem quer que seja.

20 de nov. de 2015

AS "PEDALADAS", AS RESERVAS INTERNACIONAIS E A CPMF.








(Carta Maior) - Fiel à sua tática de continuar produzindo novos factoides, a imprensa conservadora anuncia que o TCU pode "obrigar" o governo a “pagar” R$ 60 bilhões de reais em pedaladas fiscais.

Colocando os pingos nos is, o TCU não pode obrigar o governo a fazer nada.O Tribunal de Contas da União não é órgão do Judiciário, seus membros nunca passaram em concurso para magistrados e suas recomendações dependem de aprovação do Congresso Nacional, de quem não passa de um órgão auxiliar.

Caso o governo resolva “pagar” essas “pedaladas” fiscais – que o professor Dalmo Dallari, em entrevista na Globo News, afirmou que não acarretaram nenhum prejuízo para o país, porque não passam de um acerto de contas dentro do próprio setor público e "fazem parte das atribuições da Presidente da República" de manter em funcionamento os programas sociais de interesse da população, bastaria à Presidente Dilma Roussef converter 15 dos 370 bilhões de dólares que o país dispõe em reservas internacionais para "pagar" esses 60 bilhões de reais.

E ainda sobrariam, nas arcas do tesouro, o equivalente a 1 trilhão e 440 bilhões de reais em reservas internacionais, em dólares, ali colocados nos últimos 10 anos, depois do pagamento, ao FMI, da conta de 40 bilhões de dólares deixada pelo economicamente tão decantado, em prosa e verso, governo de Fernando Henrique Cardoso, que também deixou como herança uma dívida pública líquida de 60%, duplicada com relação à do governo Itamar Franco, que representa, hoje, diminuída pela metade, aproximadamente 34% do PIB.

Ao admitir - montada nas sextas maiores reservas internacionais do mundo, e na condição de que o Brasil goza, neste momento, de terceiro maior credor individual externo dos EUA, como se pode ver pela página oficial do tesouro norte-americano, o discurso da mídia de que o país está em uma crise sem saída, a senhora Dilma Roussef - que já deveria ter convocado cadeia nacional de rádio e televisão para apresentar esses dados - não apenas comete um suicídio político e um verdadeiro desastre do ponto de vista da comunicação,  mas também continua a fazer o jogo de seus adversários, deixando-se mansamente pautar pelos "moralistas sem moral" a que se referiu outro dia em discurso, e pela mídia de oposição.

O mesmo vale para a CPMF, mais uma faca que a Presidente da República coloca nas mãos de seus adversários, junto a uma opinião pública que, desinformada e intoxicada, dia a dia, semana a semana, pelo discurso neoliberal vigente, acredita no dogma de que o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do planeta e um dos estados mais inchados do mundo. 

Algo que, nos dois casos, não resiste a uma comparação ligeira com países da Europa ou os próprios EUA, ou a uma mera leitura das estatísticas de instituições e órgãos financeiros internacionais.

Como disse o Prêmio Nobel de Economia, e colunista do New York Times, Paul Krugman, em recente entrevista à Folha de São Paulo - na qual reduziu praticamente à insignificância os recentes "rebaixamentos" do Brasil pelas agências internacionais - o Brasil tem problemas, boa parte deles derivado de uma situação econômica internacional negativa, que atinge boa parte do mundo, mas vive uma situação macroeconômica ímpar, que não pode ser comparada às enfrentadas e vividas no passado.

A Presidente Dilma – aproveitando uma eventual troca de Ministro da Fazenda - poderia lançar mão de parte das reservas para resolver os problemas pontuais e imediatos que o país enfrenta.

Assim, ela evitaria pisar nas cascas de banana que lhe atiram todos os dias.E caso também diminuísse os juros, sem aumentar impostos, beneficiando ainda mais a indústria e setores como o turismo interno, que tendem a se fortalecer com as recentes altas do dólar, o Brasil poderia começar o ano que vem sob outra perspectiva econômica e institucional.

Isso, se fosse possível superar a incompetência estratégica do governo - que há muito tempo deveria ter lançado uma campanha nacional com os reais dados macroeconômicos para combater a "crise"- que é de dar lástima, em sua comunicação com o povo brasileiro

16 de nov. de 2015

CLINTON, OBAMA E OS COMUNAS DA CIA.


(Jornal do Brasil) - Conferencista internacional, assim como Fernando Henrique Cardoso e Lula, e um dos mais bem pagos palestrantes do mundo, o ex-presidente Bill Clinton esteve na última semana em Brasília, onde encerrou encontro da CNI – Confederação Nacional da Indústria.   

Em seu discurso, ele lembrou as conquistas do Brasil nos últimos anos, afirmou que o nosso futuro é brilhante, e que é preciso unir as forças positivas da Nação para enfrentar os eventuais desafios deste que é “um dos melhores países para se investir em todo o mundo”.

E, por isso, por nadar contra a corrente - daqueles que prefeririam ver o país descer, se arrebentando, pedregosas corredeiras em direção a um ralo de esgoto - Clinton foi e está sendo execrado e insultado por dezenas de indignados hitlernautas na internet.         

Em quem os brasileiros que “detonam” Clinton nas redes sociais - porque ele diz que o Brasil não é, ao contrário do que afirmam muitos, um barco que está afundando - querem que o ex-presidente norte-americano confie?

Nas manchetes de uma mídia seletiva, associada entre si em veículos, negócios e pautas comuns, que pinta com as cores do diabo, o Brasil de todos os dias, na capa dos diários, das revistas semanais, nos telejornais e nos programas de rádio?

Ou no que diz, por exemplo, o órgão de espionagem e contra-espionagem norte-americano, que tem o dever de informar o governo dos EUA, a Central Intelligence Agency, Agência Central de Inteligência, tão cantada e decantada - como bastião na linha de frente da defesa do “ocidente” e da democracia, contra a assustadora “ameaça comunista” - pelos mesmos radicais de direita que atacam o ex-presidente norte-americano, por falar bem do Brasil?

Pelo que dizem a mídia, e os fascistas de plantão nos grandes portais e nas redes sociais, o Brasil está quebrado, no fundo do poço, dominado, destruído e inviabilizado economicamente, por um grupo  criminoso mais poderoso e tentacular que a K.A.O.S, a organização galhardamente combatida pelo Agente 86, mais conhecido como Maxwell Smart, nas telas de televisão, no auge da Guerra Fria.

Uma suposta e fantasiosa ORCRIM (organização criminosa) - comandada por certo Foro de São Paulo, com o objetivo de se assenhorear do poder na América Latina, e construir “paredões” por todos lados - que destruiu o país.

Pelo que diz a CIA, em seus relatórios anuais de informação (The Worldfactbook 2002) (The Worldfactbook 2015), o Brasil passou de um PIB de 1.3 trilhões de dólares, em 2002, para 3.2 trilhões de dólares, em 2014, quase triplicando o tamanho de sua economia por Poder Paritário de Compra, e mais que duplicando, de pouco mais de 7.000 dólares, em 2002, para 16.100 dólares, a renda per capita, também por Poder Paritário de Compra, desde que o Senhor Fernando Henrique Cardoso deixou o poder.

É esse o retrato de um país acabado, no fundo do poço, que está quebrado e sem solução?

Vejamos como começa o relatório da CIA sobre o Brasil:

“Characterized by large and well-developed agricultural, mining, manufacturing, and service sectors, and a rapidly expanding middle class, Brazil's economy outweighs that of all other South American countries, and Brazil is expanding its presence in world markets. Since 2003, Brazil has steadily improved its macroeconomic stability, building up foreign reserves, and reducing its debt profile by shifting its debt burden toward real denominated and domestically held instruments. Since 2008, Brazil became a net external creditor and all three of the major ratings agencies awarded investment grade status to its debt.”

“Caracterizada por setores agrícola, de mineração, manufatura e serviços grandes e bem desenvolvidos, e uma classe média em rápida expansão, a economia do Brasil supera a de todos os outros países da América do Sul, e o Brasil está expandindo sua presença nos mercados mundiais. Desde 2003, (será que essa data é mera coincidência?) o Brasil melhorou a sua estabilidade macroeconômica, construiu reservas de divisas, e reduziu o seu perfil de dívida, transferindo sua dívida para instrumentos denominados em reais no mercado interno. Desde 2008, o Brasil tornou-se um credor externo líquido e as principais agências de rating concederam grau de investimento para sua dívida.”

Faltou completar dizendo que a dívida líquida pública brasileira caiu quase pela metade no mesmo período, e que o Brasil é, hoje, o terceiro maior credor individual externo dos EUA, como se pode ver na página do próprio tesouro norte-americano:


Estará a imprensa brasileira sabendo de alguma coisa que a CIA, ou, melhor, que o Fundo Monetário Internacional, ou o Banco Mundial, que apresentam números ainda melhores do que os da Central Intelligence Agency  sobre a evolução do Brasil nos últimos 13 anos, não sabem?

Ou que a ONU não sabe, sobre a evolução dos indicadores sociais do Brasil no mesmo período?

Ou terão sido os valorosos agentes secretos dos EUA, sedutoramente enganados pelos malvados e famintos "MAVs" comedores de pão com mortadela do PT?

Ou pior, não terão os petistas, com sua conhecida competência na insidiosa arte do aparelhamento, tão a gosto dos esquerdistas-comunistas-gramscianos-bolivarianos, infiltrado alguns agentes duplos “melancia” (verdes por fora, vermelhos por dentro), nos escritórios da sede da CIA, em Langley, na Virginia?

A resposta é simples.

Clinton é norte-americano – teoricamente menos informado sobre o Brasil, embora já tenha estado aqui por 15 vezes nos últimos anos – mas não é burro, nem idiota.

Ao contrário de uma pseudo “maioria” ignorante e manipulada que pulula pelos portais e redes sociais brasileiras, torcendo abertamente contra o país e contra nossas maiores empresas (praga de urubu magro não pega em cachorro gordo) ele não tem a mente feita – ou melhor, permanentemente desfeita – pelo discurso raso e rasteiro da crise absoluta e do apocalipse nacional.

Mister Clinton vive no século XXI, em um momento em que os Estados Unidos acabam de reatar relações diplomáticas com Cuba, e são obrigados a sentar-se e a negociar com russos e iranianos a situação na Síria.

E como uma figura pública, cuja mulher disputa a indicação para candidata a Presidente da República pelo Partido Democrata nos EUA, ele prefere certamente se basear em informações como as compiladas pelos  funcionários do serviço secreto do seu país e por organizações econômicas multilaterais internacionais, para analisar o Brasil, diante de  brasileiros, muitos deles contaminados, infelizmente,  por um ódio cego e um preconceito ideológico que os impede, como viseiras, de avaliar a verdadeira situação do país.

Nisso, Clinton se iguala a Obama, que, apesar, também, de ser norte-americano, sabe muito bem que o Brasil é, enquanto a quinta maior nação do planeta em território e população, e a sétima maior economia do mundo (ocupávamos o décimo-quarto lugar em 2002) uma potência mundial, e não regional, como disse claramente - contestando à abjeta pergunta-afirmação de uma repórter “brasileira”, em entrevista coletiva na Casa Branca, durante visita da Presidente Dilma aos EUA, em julho deste ano.              

Tem razão o Ministro Lewandowski, que está sendo também execrado, como Judas, pela mesma tropa fascista da internet, ao dizer que é preciso esperar “três anos” sem golpe, que haverá eleições daqui a um ano, e que a crise é mais política que econômica. 

Como se pode ver pela recuperação do saldo da balança comercial, pelo aumento da produção da Petrobras, pelo avanço da redução da desigualdade, por 1.5 trilhão de reais em reservas internacionais, pelos fantásticos lucros dos bancos, está claro que a crise é, principalmente, política.

Uma crise cada vez mais artificial, exagerada, mentirosa, conspiratória e hipócrita.

Que precisa ser desmentida, desmistificada e combatida, politicamente, por todo cidadão responsável e consciente deste país. 


15 de nov. de 2015

JE SUIS PARIS – E TAMBÉM BAGDÁ, TRIPOLI E DAMASCO.



(Jornal do Brasil) - Foram lamentáveis e brutais, sob todos os aspectos, os atentados ocorridos em Paris, que acarretaram centenas de mortos e feridos inocentes, franceses e estrangeiros.

Nas horas que se seguiram, na frágil cobertura da TV estatal francesa, que parecia só dispor de uma equipe e entrava, ao vivo, em contato, por telefone, com o seu repórter que estava no interior da Boate Bataclan, o foco foi mantido na solidariedade e na reação das autoridades e do governo.

O Presidente François Hollande, com a mesma expressão de perplexidade mostrada por George Bush em suas primeiras declarações no dia do atentado às Torres Gêmeas, declarou que a França permanecerá unida, e que ela será implacável em sua resposta ao EI, o Exército Islâmico - o grupo terrorista que assumiu a autoria dos ataques - e que serão tomadas medidas de segurança para que a situação não se repita.

A retórica, dos jornalistas e do governo, é a única resposta que pode ser dada pelos franceses à situação de absoluta vulnerabilidade e impotência em que a França se meteu, ao intervir em outros países.

Uma retórica que serve para disfarçar – com a costumeira cortina de fumaça e de maniqueísmo – a crua e implacável realidade em que Paris se encontra, do ponto de vista desses ataques, e das escolhas que fez, nos últimos anos,  em sua política externa.

Em primeiro lugar, porque há muito pouco que a França possa fazer para evitar novos atentados.

Se seus autores forem apanhados, outros os substituirão, vindos de fora, ou recrutados na periferia das grandes cidades francesas, onde muitos jovens, filhos de emigrantes, precisam apenas de um pretexto para fazer explodir seu ressentimento e sua frustração com a miséria e o desemprego, ou a falta de perspectivas de futuro, em um continente onde não se sentem bem-vindos, assombrado pela decadência e a crise, onde a extrema direita floresce, alimentada pela xenofobia, o racismo e o preconceito.

Em segundo lugar, porque, por mais que sejam terríveis, para todos nós, e para as famílias enlutadas, os atentados em Paris em nada diferem, em suas  conseqüências humanitárias, daqueles que ocorrem, todos os dias, em dezenas de lugares no Afeganistão, no Norte da África e no Oriente Médio.

Por lá, pessoas explodem, a qualquer momento, ou são fuziladas, decapitadas, estupradas, às dezenas, por terroristas originalmente armados pelas mesmas  potências “ocidentais” que estão sendo atacadas agora - e por pseudo “democracias”, como a Arábia Saudita onde adúlteras são punidas a chibatadas e mulheres não podem sair de casa sem véu nem um homem que as vigie – com o intuito de derrubar governos em países, que, independente da orientação política de seus regimes, viviam em situação de paz e estabilidade.

No entanto, esses atentados, em outras partes do mundo, não merecem matérias especiais de meia hora na televisão brasileira – afinal, é melhor que nos identifiquemos com a “civilização” que queremos emular e com a “democracia” que queremos emular - é muito mais conveniente, do ponto de vista do discurso de doutrinação ideológica eurocêntrico e neoliberal, discutir a dor das famílias e as medidas de segurança – absolutamente inócuas, diga-se de passagem -  que devem ser supostamente adotadas - do que revelar ao público o que está realmente por trás dos acontecimentos.   
            
Nem se vêem nas camisetas e nos cartazes que rezam “Je suis Paris”, em várias partes do mundo, espaço para frases como “Je suis Syrie”, porque, claro, são muito mais importantes as mortes de Paris, do que aquelas que ocorrem, literalmente, há anos, para lá de Bagdá, em lugares como Basra,  Karbala ou Ramadi.    

Finalmente, a pergunta que não quer calar, é a seguinte: se Saddam Hussein e Muammar Kaddafi – com todos seus eventuais defeitos - estivessem no poder e a Síria gozasse da mesma situação de estabilidade que tinha antes do início – estimulado pelo “ocidente” – do trágico engodo da “primavera árabe”; se os EUA – aliados da França – não tivessem armado  terroristas para atacar Damasco - os mesmos assassinos que hoje militam e são a espinha dorsal do Estado Islâmico  - os atentados de Paris teriam ocorrido?

Capitais europeias não eram atacadas  antes da promulgação da “Guerra ao Terror” pelos Estados Unidos, nem da “primavera árabe”, que gerou milhões de mortos e refugiados, com a destruição de centenas de cidades; nem antes do envolvimento da OTAN, a serviço dos EUA, com bombardeios na Líbia e em outros lugares - contra governos que antes eram tratados, hipocritamente como aliados pelo “ocidente” - em países em que crianças iam uniformizadas e bem alimentadas à escola todos os dias, e não caçavam, para comê-los, ratos entre os  escombros de suas casas, como agora.

Nunca é demais lembrar que quem planta vento, colhe tempestade.

Que os novos atentados de Paris - e o pânico com os falsos alarmes que se seguiram - sirvam de alerta ao Brasil - país em que convivem, em harmonia, judeus e muçulmanos, e gente de todos os lugares do mundo - que, estimulado pela doutrina da repressão policialesca e pelo desejo de ser mais realista que o rei de “especialistas”  que cresceram vendo enlatados de espionagem norte-americanos, está se metendo a “gato mestre”, criando leis “antiterroristas”, que podem nos fabricar inimigos onde nunca os tivemos.

Leis que são, como podemos ver, pela vulnerabilidade e impotência dos países que as adotam, tão supérfluas quanto inócuas e estúpidas.                    


13 de nov. de 2015

NO ESCÂNDALO DO CARF, O QUE IMPORTA SÃO OS BILHÕES.




Em novembro de 2011, em matéria escrita para este blog, CARF PERDOA 4 BILHÕES DE REAIS EM IMPOSTOS DO SANTANDER republicada, entre outros lugares, pelo Correio do Brasil, já chamávamos - com estranheza e desconfiança – a atenção para a generosidade do CARF – o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, em decidir perdoar – por votação surpreendentemente unânime - uma gigantesca dívida de impostos no valor de 4 bilhões de reais do banco espanhol Santander para com o governo brasileiro.

Embora se tratasse de uma enorme quantia, de bilhões de dólares, considerando-se o câmbio da época, cujo não pagamento deu um prejuízo aos cofres públicos muito superior ao dos recursos supostamente “recuperados” – incluindo multas e outros expedientes não diretamente ligados a desvios - na Operação Lava-a-Jato até agora, a grande mídia - que hoje não deixa passar em branco quantias de algumas centenas de milhares de reais, desde que se relacionem ao caso julgado pelo Juiz Sérgio Moro, mal noticiou o assunto nem se manifestou com relação ao fato.

Hoje, quatro anos depois, levantamento do Ministério da Fazenda, divulgado pelo "Congresso em Foco", aponta que, apenas entre 2004 e 2015 – e por que não apurar também o período do governo FHC? – passaram pelas mãos dos conselheiros do CARF o julgamento de dívidas contestadas no valor de mais de 524 bilhões de reais, mais de 5 vezes os fantásticos números aventados em diferentes ocasiões por participantes da operação Lava-a-Jato, que até agora não passam, comprovadamente, de algumas centenas de milhões de reais, e que tem sido inflados midiaticamente, com a inclusão de acordos de leniência e a ameaça de multas, agora extensível não apenas a empresas – que doam a gregos e troianos porque não sabem quem vai ganhar cada eleição – mas também  partidos políticos (só da situação, é claro).

O importante, no gigantesco montante do escândalo do CARF, é saber – como no caso do Santander – qual foi, percentualmente, o dinheiro “perdoado”, nesse mais de meio trilhão de reais.

Afinal, é muito mais provável que tenha havido corrupção de grandes proporções no CARF do que no âmbito do que está sendo investigado pela Operação Lava-a-Jato.

É muito mais fácil pedir a vista de um processo, emitir um parecer favorável, ou um exame de admissibilidade, ou perdoar uma dívida dentro de uma sala fechada, de forma combinada, com outras pessoas com as quais se trabalha há anos, do que vencer uma licitação para a construção de uma refinaria, de uma hidrelétrica, de um porto, de um navio, de uma plataforma de petróleo, de uma sonda petrolífera, da duplicação de uma rodovia, da construção de um novo trecho de ferrovia, de uma obra no exterior, com a diferença de que no primeiro caso, o lucro para o país foi zero, e no segundo, as obras da Petrobras e do PAC – que se tentam interromper e colocar aleatória e amplamente sob suspeição - geraram centenas de milhares de empregos, em um esforço coordenado de modernização da infra-estrutura nacional que vai beneficiar o país por dezenas de anos.       

No CARF, para “levar algum”, não era preciso licitação, nem contratos, nem o suposto pagamento de propina em forma de doação eleitoral, tese a cada dia mais distante de se provar ou sustentar juridicamente.

O sujeito - ou a empresa – devia milhões, dezenas de milhões, centenas de milhões, ou vários bilhões de reais para o governo, recorria a um conselho absurdamente formado por meia dúzia de iluminados, nenhum deles guindado a tal posto por concurso público, e suas dívidas eram julgadas improcedentes ou perdoadas, aos bilhões, com repasse de comissões para quem eventualmente decidisse a seu favor, ou levasse o grupo a fazê-lo.

No entanto, estranha que a Operação Zelotes – e o caso CARF – continuem a obter – pelo menos nas aparências – muito menos atenção do que a Operação Lava-a-Jato.

E, também, que, nessa pouca atenção recebida, apesar de quase 600 bilhões de reais envolvidos, a Justiça e a imprensa dediquem tanto trabalho e tanta atenção, a um milhão e quinhentos mil reais recebidos pela empresa do filho de certo ex-presidente da República.
Um empresário que – mesmo que não tenhamos nenhum motivo para colocar em dúvida sua lisura - faria um grande desfavor aos adversários de seu pai se fechasse suas empresas e abandonasse a iniciativa privada.

Afinal, deveria preocupar mais à imprensa e à opinião pública, saber o que está por trás dos 4 bilhões de reais perdoados ao Santander – quem assinou essa decisão e se houve eventualmente enriquecimento ilícito – beneficiando um banco eivado de escândalos em sua história no exterior, que até hoje está sendo processado por “tungar” as ações que pertenciam a milhares de aposentados do Banespa  - criminosamente privatizado no governo de Fernando Henrique Cardoso.