Em uma sentença que chama a atenção pela severidade e a ausência de proporcionalidade, o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, foi condenado, ontem, por um juiz do Rio de Janeiro - com uma decisão que atingiu também a sua filha - a 43 anos de prisão por crimes supostamente cometidos durante as obras da usina nuclear de Angra 3.
O vice-almirante Othon é um dos maiores cientistas brasileiros, um dos principais responsáveis pelo programa de enriquecimento de urânio da Marinha, que levou o Brasil, há 15 dias, a fazer a sua primeira venda desse elemento químico - usado como combustível para reatores nucleares - para o exterior, para uma empresa pertencente ao governo argentino.
Em qualquer nação do mundo, principalmente nos EUA - país que, justamente por ser brasileiro, e não norte-americano, o teria espionado, “plantando” um homem da CIA ao lado do seu apartamento - o vice-almirante Othon estaria sendo homenageado, provavelmente com uma medalha do Congresso ou da Casa Branca, por serviços de caráter estratégico prestados ao fortalecimento da Nação e ao seu desenvolvimento.
No Brasil de Itamar Franco - um homem íntegro e nacionalista, que cometeu a besteira de confiar em quem não devia e abriu a Caixa de Pandora da tragédia neoliberal dos anos 1990, ao apoiar para sua sucessão um cidadão em cujo governo, segundo o Banco Mundial, o PIB e a renda per capita recuaram e a dívida pública duplicou, deixando ainda um papagaio, com o FMI, de 40 bilhões de dólares - o Almirante Othon recebeu, em 1994, da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.
Ele também é Comendador da Ordem do Mérito Naval; da Ordem do Mérito Militar; da Ordem do Mérito Aeronáutico; da Ordem do Mérito das Forças Armadas; da Medalha do Mérito Tamandaré; e recebeu, além disso, a Medalha do Pacificador, a Medalha do Mérito Santos-Dumont e a Medalha Militar de Ouro.
No Brasil kafquianamente imbecilizado, midiotizado, manipulado, plutocratizado, deturpado, moralmente, da atualidade, que caminha a passos largos para a instalação de um governo - de fato - de exceção e fascista - e, ainda por cima, entreguista e anti-nacional - a partir de 2018, ele está sendo condenado por uma justiça em que muitos membros recebem acima do teto constitucional, perseguem jornais que os denunciam, e podem fazer palestras remuneradas sem ter que declarar quanto estão recebendo, conforme resolução do CNJ divulgada no início deste mês de julho.
Com uma maioria de patriotas, nacionalistas, legalistas, constitucionalistas, os militares brasileiros tem suportado em silêncio digno a interrupção e as ameaças que pairam, como aves de rapina, sobre numerosos projetos de defesa que tiveram início na última década e sobre as empresas responsáveis por eles, como o dos submergíveis convencionais e o do submarino atômico - de cujo desenvolvimento do reator já participou o próprio Almirante Othon - sob responsabilidade da Odebrecht, um dos grupos mais prejudicados e perseguidos pela Operação Lava-Jato, que já teve que demitir mais de 120.000 pessoas no último ano, também encarregada, por meio da Mectron, da construção, em conjunto com a Denel sul-africana, do míssil A-Darter que irá armar os novos caças Gripen NG-BR, que estão sendo - também por iniciativa dos dois últimos governos - desenvolvidos com a Suécia por itermédio da SAAB.
Tudo isso, em nome de um pseudo combate à corrupção hipócrita, ególatra, espetaculoso e burro, em que, para descobrir supostos desvios de um ou dois por cento em programas estratégicos de bilhões de dólares, condena-se ao sucateamento, atraso ou interrupção - como era o caso, há anos, das obras de Angra 3 antes de sua retomada justamente pelo Vice-Almirante Othon - os outros 97% dos projetos, sem nenhuma consideração pela aritmética, a lógica, o bom senso, a estratégia nacional, o fortalecimento ou o desenvolvimento brasileiros.
Isso, ainda, para vender, falsa e mendazmente, com a cumplicidade de uma parcela da mídia irresponsável, apátrida, estúpida e venal, a tese de que se estaria "consertando" o país, quando o que se está fazendo é jogar o bebê pela janela junto com a água do banho, e matando a boiada inteira para exterminar meia dúzia de carrapatos, no contexto de um projeto de endeusamento de um personagem constantemente incensado por uma potência estrangeira - justamente aquela que espionou o próprio Almirante Othon - quando se sabe que para prender corruptos não era preciso arrebentar com as maiores companhias de engenharia do país, como se está arrebentando, nem com os principais projetos bélicos e de infraestrutura em andamento, ou com a Estratégia Nacional de Defesa, árduamente erguida nos últimos anos, ou com um conjunto de programas do qual toma parte, ainda, o Astros 2020 da Avibras; a nova família de fuzis de assalto IA-2, da IMBEL; o Cargueiro Militar multipropósito KC-390 da Embraer; a nova linha de radares SABER; os 1050 novos tanques Guarani, desenhados pelo Departamento de Engenharia do Exército, até algum tempo atrás - ao que se saiba - ainda em construção pela IVECO; os novos navios de superfície da Marinha; ou o novo satélite de comunicações que atenderá às Forças Armadas.
Os alegados 4 milhões de reais em "propina" eventualmente pagos em consultoria ao Almirante Othon - uma das razões de sua condenação a mais de 40 anos de prisão - seriam, caso sejam comprovados, uma migalha diante do que ele mereceria receber, em um país mais patriótico e menos hipócrita, como cientista e como compatriota, e uma quantia irrisória, se formos considerar, por exemplo, o preço de um apartamento de quatro quartos em Higienópolis, em São Paulo - há os que são vendidos a preço de “ocasião” - ou o fato de ratos como Eduardo Cunha, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, com dezenas de milhões de dólares na Suíça, terem sido soltos pelo Juiz Sérgio Moro e, tranquilos, estarem em casa neste momento.
Só no Brasil, também, um cientista desse porte é enxovalhado, como o Vice-almirante Othon está sendo, nas redes sociais, por um bando de energúmenos, ignorantes, preconceituosos e estúpidos que não tem a menor ideia do que está ocorrendo no país, e que pensam mais com o intestino do que com a cabeça.
Só não dá para dizer que dá vergonha de ser brasileiro porque o Brasil é maior que esta corja tosca, anti-nacional, vira-lata, manipulada e ignara, e porque mesmo que os cães ladrem a caravana irá passar, finalmente, um dia, altaneira e impávida.
Como diria Cazuza, o tempo não pára.
Aos que estão arrebentando com a Pátria - e com as suas armas, seus heróis e seus exemplos - sacrificando-os no altar de suas inconfessáveis, imediatistas e rasteiras ambições, sobrará o inexorável e implacável julgamento da História.
Mais uma vez, faço minhas suas palavras. Parabéns professor. A injustiça feita ao Almirante Otho é a retaliação da elite entreguista que nunca se confirmou em temos alçado a categoria de país independente.
ResponderExcluirCaríssimo Mauro, me permita o tratamento afetuoso, mesmo não nos conhecendo. Completo 70 anos no ano que se avizinha e tenho orgulho de lhe acompanhar há muito tempo. Sempre foi para mim uma fonte de conhecimento precioso e que me permite posicionar ética e politicamente. Raramente, que me lembre, houve discordâncias. Nesse grave momento que atravessamos quero me solidarizar com a tua revolta, indignação, tristeza, que também são minhas e de milhões de cidadãos que se veem impotentes ante a tamanha desgraça que se abate sobre o povo brasileiro. Um grande e fraterno abraço.
ResponderExcluirAquele falso jornalista "imparcial" Ricardo Boechat se transformou num Golpista há muito tempo. Antigamente dizia que "quando comprovassem alguma coisa contra a Presidenta Dilma Rousseff, ele se posicionaria a favor do Impeachment", o tempo passou, nada ficou comprovando, e ele começou a "meter o pau", todos os dias, no Governo da Presidenta. Ontem, no Jornal da Band, ele agiu como um "jornalistazinho iniciante golpista e global" , chamando o Presidente da "Eletronuclear" de "vagabundo", e o comparou a um bandido da pior espécie. A sua ânsia pelo Golpe está fazendo com que perca a Razão, o Equilíbrio e o Fundamento Básico do Jornalismo: Apurar fatos e descrevê-los com Imparcialidade. Desculpem alongar no meu Comentário. Um abraço a todos.
ResponderExcluirAquele falso jornalista "imparcial" Ricardo Boechat se transformou num Golpista há muito tempo. Antigamente dizia que "quando comprovassem alguma coisa contra a Presidenta Dilma Rousseff, ele se posicionaria a favor do Impeachment", o tempo passou, nada ficou comprovando, e ele começou a "meter o pau", todos os dias, no Governo da Presidenta. Ontem, no Jornal da Band, ele agiu como um "jornalistazinho iniciante golpista e global" , chamando o Presidente da "Eletronuclear" de "vagabundo", e o comparou a um bandido da pior espécie. A sua ânsia pelo Golpe está fazendo com que perca a Razão, o Equilíbrio e o Fundamento Básico do Jornalismo: Apurar fatos e descrevê-los com Imparcialidade. Desculpem alongar no meu Comentário. Um abraço a todos.
ResponderExcluirMuito bom, excelente texto, com o qual concordo em gênero, número, grau e radiano.
ResponderExcluir
ResponderExcluirExcelente texto
Mauro Santayana abordou um assunto de extrema relevância, escreveu o que eu gostaria de falar, excelente texto, com o qual concordo em gênero, número, grau e radiano. Infelizmente, essa estupidez e arbitrariedade faz parte do golpe atualmente em curso.
Francisco Lima
04-08-2016.
Curioso. 70% do artigo são impropérios contra todos que o autor vê como ameaça ao projeto de poder que apoia. Nos 30% restantes ficamos sabendo acreditar que a titulação de Othon Luiz Pinheiro da Silva deveria dar ao almirante o direito de roubar em paz, que os 4 milhões que ele e a filha receberam da Odebrecht não são nada, que um homem destes merece roubar 3% da obra sem ser perturbado e que a Odebrecht também deveria ser deixada em paz para continuar seus relevantes serviços ao País. Para completar, termina com aquele nacionalismo que Nelson Rodrigues definiu como o último refúgio dos canalhas. Mas concordo com as últimas palavras: sobrará o inexorável e implacável julgamento da História.
ResponderExcluirPrezado.
ResponderExcluirNão há como ser complacente com desvio de dinheiro público, se o nosso cientista fraquejou e recebeu valores indevidos deverá pagar pelo erro.
Felizmente para ele, irá cumprir sua pena nos quartéis, se o corporativismo não minar a sanção.
Noutro ponto eu concordo com a crítica, pois essa condenação é bem rigorosa, o que não estamos vendo nos demais casos. Os donos das próprias empreiteiras que pagaram as propinas estão sendo libertados para responder em liberdade e ainda com benefícios de delação. o agente público sai estropiado e o colarinho branco fica preso no hospital até ser solto...
Republiquei seu artigo com uma introdução crítica aqui: http://wp.me/p4alqY-yr
ResponderExcluirAtenciosamente, Paulo.
Paulo Falcão, em primeiro lugar, delação premiada - principalmente aquela arrancada com o indivíduo sob custódia e pressão da polícia - não é prova. Todo mundo sabe que nessa pseudo operação Lava-Jato, quem implica o PT em alguma coisa é solto e quem se recusa a essa calhordice e opta por manter a verdade dos fatos é condenado a pesadas penas. Tentaram fazer o mesmo com o Vice-Almirante Otho e se deram mal, porque ele honra as calças que veste e os mandou à casa do c......... Quatro milhões de reais, que o Almirante poderia até mesmo usar em importação clandestina de equipamento sensível destinado a pesquisas em sua área - eludindo a sabotagem norte0americana, por exemplo - é, sim, uma bosta, em um país em que Maluf e Eduardo Cunha estão soltos, em que bandidos contumazes são repetidamente beneficiados por acordos com a justiça que não cumprem, como ocorre com o Alberto Youssef, velho conhecido do Juiz Sérgio Moro desde que o último era estagiário no escritório de um advogado tributarista envolvido em um escândalo de dezenas de milhões de reais no interior do Paraná, em que ex-presidentes da República compram apartamentos desse valor por muito menos do que isso de empreiteiras para suas atuais mulheres. Dar uma de vestal e chamar o autor de canalha não esconde o que se oculta debaixo da sua túnica. Você não passa de um fascista pilantra usando o velho discurso anti-corrupção para fazer com que suas teses mendazes e imbecis alcancem fora das urnas o apoio que não conseguem dentro delas. Mas aqui é um espaço de gente digna e patriótica, e sim, nacionalista. Com esse sobrenome, tão apropriado para um ornitólogo amador - você devia fazer como o Malafaia e ir caçar uma rola. Aqui você não se cria.
ResponderExcluirLuis Carlos, vc disse bem. Não como ser conivente SE O NOSSO CIENTISTA FRAQUEJOU - O QUE NÃO FOI PROVADO.
ResponderExcluirO que existe de pior e que formou uma quadrilha para promover um golpe, ou seja, executivo, legislativo, judiciário e imprensa entreguista governam nosso país, enquanto os brasileiros que deveriam ser reverenciados estão sendo criminalização. Por quanto tempo suportaremos tanta humilhação?
ResponderExcluirArtigo sensacional como sempre... a cada dia sinto mais desgosto do que esses vendidos estão transformando uma nação que a dois anos atrás caminhava a passos largos para a prosperidade. Peço permissão para publicar esse artigo na minha linha do tempo do facebook, para que os que ainda sabem interpretar texto e realidade sejam iluminados pela realidade dos fatos e não pela realidade midiática.
ResponderExcluirPrezadíssimo Jornalista, arauto dos injustiçados
ResponderExcluirAdmiro sempre sua bravura e capacidade de resistência.
Você é o baluarte que nos faz chorar quase sempre com a dureza das verdades que divulga, mas que nos ajuda a suportar as adversidades do monstruoso pesadelo que vivemos, por saber que essa voz não se cala!
Um abraço fraterno,
Tania de Martino
Quem é o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva
ResponderExcluirSó para ficar sabendo...
O programa nuclear brasileiro é um mar de lama. Sempre foi. A construção de Angra II - como me disse o próprio almirante em entrevista para publicação inédita - levou dinheiro bastante para construir quatro usinas! Isso tá gravado.
ResponderExcluirO programa nuclear brasileiro sempre esteve (e ainda continua) nas mãos do militares.
Em um momento da história esse programa eram dois: um oficial (que se gastou de roldão, secreto) e um paralelo (onde se torrou muita grana, secretíssimo). O programa oficial foi sacramentado pelo general Geisel, e se tornou conhecido graças ao Acordo nuclear firmado com a Alemanha (o mais caro do mundo, um fiasco), em 1975. O segundo teve o dedo de Othon, e também comeu muito dinheiro sujo, para levar a ao domínio do ciclo do combustível.
Os dois cresceram durante a ditadura militar - quando o dinheiro era farto e a corrupção idem, mas ninguém podia contestar. As construtoras se deram muito bem.
Enfim, sugiro ao autor do artigo que leia sobre o assunto antes de defender a pessoa errada.
Quem condenou o almirante a 43 anos não foi o juiz Sergio Moro, mas o juiz Marcelo Bretas do Rio de Janeiro.
vide a sentença em:
http://lavajato.mpf.mp.br/desmembramentos/rio-de-janeiro/documentos/sentenca-radioatividade
O nome de Othon apareceu na Lava Jato porque um dos delatores da Andrade Gutierrez, falando para Moro, contou que a construtora tinha dado propina para Othon Luiz facilitar as coisas para a AG na construção de Angra III. Moro mandou esse processo para Bretas no Rio, que mandou apurar e depois condenou Othon.
Antes de xingar de energúmeno quem critica o programa nuclear ou Othon Pinheiro (o que é um grossura fascista, um sinal de incapacidade de ouvir o outro) seria bom que o autor desse artigo lesse um pouco sobre quem está defendendo. E lesse um pouco também sobre o programa nuclear. Adianto: ele cresceu principalmente na ditadura militar. A sociedade foi alijada do processo. Quanto custou? O autor desse artigo não sabe. Ninguém sabe. Othon sabe.
Ah sim.
ResponderExcluirOs seus maiores defensores postaram artigos em tudo que é blog da direita. Blogs que dizem que Lula e Dilma são comunistas e defendem o golpe militar. Não foi por acaso.
Vc editou meu comentário??? Eu mandei dois comentários e somente saiu a parte menor. Tem censura nesse blog??
ResponderExcluir