30 de ago. de 2016

HERR SCHIEMER E O FUTURO DO BRASIL


Imaginem o que ocorreria se um executivo de uma multinacional brasileira, como a WEG, desse, por hipótese, uma entrevista para um jornal alemão, o Handelsblatt, por exemplo, afirmando que  é preciso decidir que tipo de Alemanha "queremos" para o futuro, comparando-a, digamos, com  a Ucrânia.


Pretendendo dar lições ao país em que está instalada a empresa para quem trabalha, o Presidente da Mercedes Benz no Brasil, senhor Phillipp Schiemer, em plena semana de julgamento do impeachment da Presidente da República, declarou, em entrevista ao Valor Econômico da sexta-feira passada, amplamente repercutida por sites de direita, que a ela pretenderam dar um cunho ideológico, que é preciso decidir "se queremos um Brasil como a Venezuela ou um Brasil inserido no novo mundo", como se, neste humilde, e, quem sabe, paralelo universo em que nos coube viver, cada vez mais desafiado pelo avanço da física quântica e de outras intrigantes descobertas, não tivéssemos mais alternativas que a submissão ou o caos - no caso  venezuelano fortemente induzido por pressões internas e externas - ou dependêssemos da opinião de cidadãos estrangeiros para decidir o futuro que queremos ter como Nação.


Ora, com todo respeito por Herr Shiemer e pelos problemas que assolam o povo venezuelano, o Brasil está longe de ser uma Venezuela.  


O Brasil é a nona economia e o terceiro maior fabricante de aviões do mundo. A Venezuela não o é. O Brasil é detentor das sextas maiores reservas internacionais do planeta, de 374 bilhões de dólares, e o quarto maior credor individual externo dos EUA. A Venezuela não o é.  


O Brasil tem uma indústria que se encontra, em parte, em crise, mas que é disseminada e diversificada, o que não é também o caso da Venezuela, que tem, historicamente, uma excessiva dependência do petróleo, commoditie cujo preço derreteu nos últimos 3 anos, fato que deve estar ligado, certamente, à atual escassez de reservas que assola avassaladoramente a economia desse país sul-americano.


Por outro lado, resta saber, também, a que "novo mundo" o Sr. Phillip Schiemer estaria se referindo em sua fala.


Ao mesmo velho mundo da época do Império persa ou do romano, que se consolidou com o advento do mercantilismo, em que as diferentes colônias ou países tinham que acomodar seus mercados e seus sistemas produtivos aos interesses de grupos econômicos estrangeiros?


Ao mundo de empresas como a então Companhia das Índias Ocidentais, ou, hoje,  a Mercedes Benz, em que nações tem que adaptar os preços cobrados de seus consumidores e os salários pagos a seus operários da forma mais adequada a maximizar o lucro obtido por multinacionais que operam,  em todo o mundo, muitas delas pressionando e eventualmente chantageando os governos e as nações em que estão instaladas?


Ou ao novo mundo da China, quem sabe, em que um país historicamente explorado volta a levantar a cabeça e dita suas normas aos seus antigos invasores e controladores, transformando-se no maior credor do planeta ou na segunda economia do mundo, sem ceder um centímetro de seus interesses?


Se fôssemos obrigados - o que não é o caso -  a uma escolha, há, com certeza,  brasileiros - e não são poucos - que prefeririam, do ponto de vista da soberania nacional, o modelo chinês àquele que o senhor Phillipp Schiemer nos está propondo.


O modelo chinês, mesmo que distante,  porque, por lá, pelo menos, do ponto de vista de vergonha na cara, a situação é outra, completamente diferente.


Pequim investe diretamente em tudo que envolve tecnologia - incluída a produção de automóveis - melhora as condições de vida e de consumo da população - (o mercado automobilístico chinês já é o maior do mundo e crescerá em média, 5% por ano até 2020) e por lá as multinacionais se adaptam aos interesses do governo e do país, ou caem fora, sem que executivos de empresas estrangeiras, como é o caso dos representantes da Mercedes Benz na China, ousem  dar pitacos de ordem política em assuntos de interesse nacional. 


Com todo o respeito, também, pelo democrático e sagrado direito  à liberdade de expressão, e pelos 14 anos de trabalho passados, em diferentes ocasiões, pelo ex-presidente mundial de marketing da Mercedes Benz em nosso país, assim como  pelos problemas e desafios que sua empresa está enfrentando no Brasil neste momento, que não são poucos, com uma brutal queda na venda de caminhões e a demissão de centenas de trabalhadores, manda a boa educação que os hóspedes - e o Sr. Phillip Schiemer é um hóspede no Brasil - se abstenham de meter a colher nos assuntos da casa.


Ou que se comportem com certo comedimento, mantendo-se no terreno econômico sem invadir a seara da política, para evitar dar a impressão de que estão se imiscuindo em assuntos internos, principalmente em momentos decisivos, de grande efervescência e radicalização político-partidária.


Há formas e formas de se ver e de se dizer as coisas.


Primeiro, porque se fôssemos ver a realidade apenas  do ponto de vista macroeconômico, por exemplo, em certos aspectos, como dívida pública com relação ao PIB e reservas internacionais mesmo (71% e 200 bilhões de dólares) alguns poderiam dizer que a situação do país do Sr. Shiemer é pior do que a nossa. 


E em segundo lugar, porque, como cidadão alemão, Herr Schiemer provavelmente não gostaria, por mais improvável que seja,  que um executivo chinês ou um dirigente de empresa russo, por exemplo,  falasse da mesma forma que ele fez no Brasil, com relação à Alemanha. 


6 comentários:

Zémocrata disse...

Como era comum se dizer num passado não muito remoto: falou e disse, Mauro. É impressionante a cara-de-pau desses caras ao dizerem coisas como "que Brasil queremos?". E mais impressionante
ainda a mídia brasileira reverberarem suas palavras. tud

sedivaldo disse...

Grande Mauro Santayana, como faz falta jornalistas com esta visão honesta do Brasil feita por um alguem que ama seu pais.

MARIAMARIA disse...

Parabéns é sempre um prazer enorme ler seus textos.

Leonardo Ribas disse...

Da gosto saber que pelo menos o Senhor nos representa no que nao temos espaco pra dizer, aquelas verdades que nos ,simples cidadaos Gostariamos de de dizer e nao podemos.
Felicitacoes e siga na linha de frente posto que o Pais precisa mais do que nunca da sua ajuda na luta pela verdade, contra a farsa dominante.
Parabens!

Anônimo disse...

** E agora, o doutor MORO vai continuar CAÇANDO o LULA, ou vai caçar os verdadeiros bandidos,
todos acastelados no governo do golpista TEMER?**
MORO É UM JUIZ IMPARCIAL, POR ISSO ELE SÓ ESTÁ REALMENTE INTERESSADO EM PRENDER O LULA. Afinal LULA é o maior bandido do governo brasileiro em todos tempos, não é mesmo doutor imparcial Moro?
LULA comprou os votos de sua reeleição.
LULA “ganhou’ uma fazenda em Minas Gerais e a empreiteira construiu um aeroporto para ele.
LULA “ganhou” um apartamento de 450m2 no bairro de Higienópolis SP.
LULA “ganhou” também um apartamento na Rua mais cara de Paris onde passa suas férias.
LULA participou e ganhou muito $ na PRIVATARIA TUCANA.
LULA foi responsável pelo Escândalo do Banestado.
LULA doou vários bancos públicos aos seus amigos e ainda financiou suas dívidas com dinheiro público do BNDES
LULA doou o maior banco estadual do Brasil ao Santander.
LULA faturou muito nas obras do ROUBANEL MARIO COVAS.
LULA faturou muito no TRENSALÃO onde um uma reforma era mais cara que um trem novo.
LULA faturou muito no METROLÃO PAULISTA.
LULA tem uma filha bilionária que está na lista dos bilionários da FORBES e é sócia do maior bilionário do Brasil o dono da Ambev.
LULA foi funcionário fantasma no gabinete do pai deputado federal e morava no RJ.
LULA tem amigos, deputado e senador, que usam helicóptero abastecido com dinheiro publico para fazer trafico de drogas em MG.
LULA construiu vários aeroportos em MG, no meio do mato, para facilitar as vidas de seus amigos traficantes.
LULA “doou” a maior mina de NIÓBIO do Brasil em Araxá MG, ao$ seu$ amigo$ empre$ários.
LULA, muitos disseram que ele faz contrabando de pedras preciosas e de nióbio.
LULA, teve seus nome na lista de FURNAS.
LULA, teve seu nome no famoso DOSSIÊ CAYMAN.
LULA teve seu nome delatado várias vezes com valores e locais em Minas Gerais.
LULA, DISSE UM DELATOR, VAI SER O PRIMEIRO A SER COMIDO.
OS MAIORES CASOS DE CORRUPÇÃO DA HISTÓRIA DO BRASIL.
1. Privataria Tucana--------------100 Bilhões e 155 milhões PSDB
2. Banestado-------------------------42 Bilhões e 155 milhões PSDB
3. Propinoduto Metro/CPTM -----40 Bilhões e 150 milhões PSDB
4. Vampiros-----------------------------2 Bilhões e 455 milhões PSDB
5. Banco Marka------------------------1 Bilhões e 855 milhões PSDB
6. TRT - SP---------------------------------------------955 milhões PMDB
7. Anões do Orçamento-----------------------------855 milhões DEM
8. Sonegação da Globo------------------------------615 milhões ????
9. Operação Navalha--------------------------------610 milhões DEM
10. Sudam----------------------------------------------214 milhões PSDB
11. Sanguessugas------------------------------------140 milhões PSDB
12. Mensalão---------------------------------------------55 milhões PT
"EU NÃO TENHO CULPA, VOTEI NO AÉCIO"
"SOMOS TODOS CUNHA"
"SOMOS MILHÕES DE CUNHAS"

strunfim disse...

A grande imprensa divulga a desgraça que está sendo para o povo argentino esse tal Macri. Não queremos problemas nenhum, muito menos a inflação, desemprego e fome que se abateram sobre os Argentinos.