Um delegado, em entrevista a uma revista semanal, declara que a Polícia Federal "perdeu" o "timing" para prender Lula.
Outro delegado, que já manifestou publicamente, nas redes sociais, por mais de uma vez, suas preferências políticas e que, criticado por isso, tentou censurar, na justiça, as manifestações de internautas contra ele, vem a público para afirmar que, na verdade, esse "timing" não passou, e que, em 30, 60 dias, será possível obter condições favoráveis para prender o ex-presidente, cuja esposa acaba de sofrer uma cirurgia para conter as sequelas de um AVC.
Ora, não sabemos se há "timing" para fazer, mais uma vez, a reflexão óbvia e ululante, mas se ainda faltavam provas de que parte preponderante da Operação Lava-Jato tem motivação política - e o objetivo de prender Lula antes que chegue 2018, a qualquer custo - e do incontido ativismo de alguns de seus membros, elas estão aí, escancaradas, mais uma vez, à vista de todos.
Em um país minimamente sério, o ex-presidente Lula seria preso se houvesse provas incontestáveis contra ele, e não em função do "timing" institucional, eventualmente construído com o auxílio de uma campanha midiática exagerada e sórdida, que se arrasta já há quase três anos.
Sutis como elefantes, as duas entrevistas fazem parte de um evidente, incomensurável, indiscutível, strip-tease da justiça brasileira aos olhos do mundo, que desnuda, a cada dia mais, todo o seu acovardamento diante das pressões, sua hipocrisia, sua parcialidade, suas rugas éticas e sua manipulação dos fatos, com a fabricação de factoides tão postiços quanto perucas.
A sua cara - e a opinião pública mundial percebe claramente isso, ao ver, horrorizada, os vídeos postados pelos assassinos - não é, apesar dos arroubos costumeiros da mídia local, quando ocorrem certos convescotes, a dos jovens procuradores e juízes de armanianos ternos, que visitam outros países em busca de holofotes, plaquinhas e diplomas honoríficos; mas a das cabeças arrancadas, diante das câmeras de celulares, a golpes de facão, do tronco de prisioneiros que estavam sob a custódia de um sistema apodrecido até a raiz, que mantêm milhares de presos atrás das grades sem terem sido julgados, ou depois de terem cumprido suas penas, injustamente, incapaz de garantir os mais elementares direitos, ou de fazer valer a Lei e a Constituição, em um país com 8.5 milhões de quilômetros quadrados e a quinta maior população do mundo.
Um comentário:
Chora Pátria Brasileira!
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