(Do blog com equipe) - Demorou mas a Embraer e a Boeing assinaram um memorando para a compra do controle da primeira pela segunda na área de aviação civil regional, justamente o filé da companhia brasileira.
Segundo o anunciado a Boeing vai pagar pouco mais de 4 bilhões de dólares para ficar com 8 em cada 10 ações e a EMBRAER com 20%.
Idiotas acham que isso não faz diferença.
Mas é obvio que se eu tenho apenas um quinto - ainda mais sem Golden Share - quem é que vai mandar na empresa?
Agora, se o negócio é bom para os dois, porque não ficou no meio a meio?
Porque o governo, que tem 380 bilhões de dólares em reservas internacionais herdadas do PT, e acha que para o Brasil essa associação vai ser a última limonada do deserto, não capitalizou a Embraer com dois bilhões de dólares para voltar ao negócio e garantir que ficassem em mãos brasileiras pelo menos 50% da nova empresa, ou melhor, 51% de uma companhia na qual a sociedade brasileira investiu tanto tempo, talento e dinheiro?
Como vai se assegurar que a fabricação das aeronaves fique no Brasil com esse acordo?
Ou a Embraer vai ter que transferir a produção dos aviões para os Estados Unidos, como teve que fazer quando foi obrigada pelo governo norte-americano a se associar com a Sierra Nevada da Flórida para vender para a Força Aérea dos EUA e para seus aliados o caça ligeiro Supertucano?
Pensando friamente no assunto, o que o atual governo brasileiro está fazendo é claro e cristalino.
Primeiro, permitir que os Estados Unidos, tomando controle da área de aviões regionais da Embraer, justamente a parte nobre do negócio, alcance o objetivo estratégico de controlar, de fato, o futuro da indústria aeronáutica brasileira.
E em segundo lugar, permitir que a Boeing tire do seu caminho um dos únicos concorrentes que tinha condições de, no futuro, se quisesse, passar a produzir aviões maiores, concorrendo diretamente com a própria Boeing e sua “concorrente” a Airbus, que acaba de fazer a mesma coisa com a Bombardier canadense.
Afinal, quem fabrica aviões para 150 passageiros, pode produzir aeronaves para 200, 260 passageiros.
Para isso só precisa de tempo e tecnologia.
Insumos que a Embraer já provou saber administrar com rara competência ao desenvolver toda uma nova família de aviões, a E2 (foto) em apenas cinco anos.
Um excelente negócio para as duas maiores fabricantes de passageiros do mundo, que passam a exercer, em conjunto, um virtual monopólio no mercado global de aviões de passageiros de grande porte, avaliado em uma bagatela de aproximadamente 200 bilhões de dólares por ano.
Ganha um pirulito e uma calça curta de tergal o coxinha que achar que norte-americanos e europeus não se sentaram para conversar a respeito.
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