1 de abr. de 2020

OS VIVOS E OS MORTOS


(Da equipe do blog) - Um equívoco a posição oficial do governo  brasileiro e de alguns estados e municípios que insistem em classificar como mortes por coronavírus apenas aquelas  comprovadamente ocorridas e não as que deveriam ser classificadas como derivadas da situação de pandemia e posteriormente descartadas ou não, caso fosse necessário, depois de competentemente "negativadas".    

O problema não é apenas que pessoas estejam sendo enterradas e chegando a cemitérios envoltas em sacos plásticos  como informado ontem pela imprensa, particularmente  em algumas necrópoles da capital de São Paulo.

O mais grave é que os familiares e amigos que conviveram com essas vitgimas antes que fossem internadas não estão sendo nem testados, nem mantidos preventivamente isolados do restante da população como deveriam e como ocorreu em outros países que tiveram sucesso com essas medidas, como a China e a Coreia do Sul, por exemplo. 
     
As desculpas quanto à falta de testes para a identificação de anticorpos e do tipo molecular, da mesma forma que as  relacionadas à falta de respiradores e de material de proteção para profissionais médicos, são tão esfarrapadas quanto as máscaras descartáveis que, segundo enfermeiras, têm sido usadas por mais de um dia em alguns hospitais públicos.
 

E não fazem mais do que evidenciar a demora que o país levou, evidenciada até mesmo pelo condenável exemplo do Presidente da República, para assumir que estava diante de uma situação de emergência global, comprovadamente epidêmica e letal, mesmo após a divulgação de números envolvendo milhares de doentes e de óbitos em diferentes países do mundo.        

Não se fecharam as fronteiras no devido tempo quando praticamente toda a América do Sul já o havia feito.

Não se proibiu a chegada de voos provenientes de áreas massivamente infectadas como a União Europeia, e, nominada e subalternamente, dos Estados Unidos.

Não se efetivou imediata e emergencialmente a compra de material médico-hospitalar, deixando-se para fazer isso agora, tentando colocar a tramela depois da porta arrombada, fazendo alusão a medidas, que, na verdade, assim como ocorre no contexto econômico, ainda não saíram sequer do papel e não teriam data para começar a funcionar, se não fosse, como no caso dos 500.000 testes doados pela Vale, a colaboração e iniciativa de empresas privadas.

A verdade é que, com todo o respeito pelo Ministro Mandetta e suas dificuldades recentes, de ordem política, o governo procura empurrar a responsabilidade para a população, na base do faça você mesmo, com um discurso ainda dúbio quanto ao isolamento social, sem disponibilizar números reais e confiáveis quanto à pandemia tanto na identificação dos vivos, representados por cidadãos potencialmente contaminados por doentes próximos, quanto no processamento das informações relativas às vitimas fatais da COVID 19 no Brasil.       
 
Não se consegue nem mesmo assegurar à população, para além da recomendação de ficar em casa, que farmácias coloquem em suas prateleiras máscaras e  álcool gel suficiente para os que são obrigados a sair às ruas para comprar alimentos e remédios.

Vamos ver o que vai acontecer quando a chegada de testes para mortos e vivos impuser, implacavelmente, a realidade dos fatos. 

As entrevistas diárias do gabinete de crise, com a falta de informações reais, e de resultados concretos no que depende exclusivamente do governo, aliadas a relatos de que cadáveres estão chegando fora de caixões a necrópoles de São Paulo, sem causa mortis claramente determinada, nos traz à mente imagens surreais da época da Guerra Fria, quando era famosa em países em que a fina ironia socialista cortava como uma faca afiada, uma piada macabra sobre a circulação de um suposto Manual de Sobrevivência em caso de Guerra Nuclear, que continha um único e solitário parágrafo:

Caso comecem a tocar as sirenes de alerta, embrulhe-se em um lençol e dirija-se ao cemitério mais próximo.


23 de fev. de 2020

EM QUEDA LIVRE - PROBLEMAS DA BOEING COM O 737 MAX PODERIAM ABRIR CAMINHO PARA RETOMADA ESTRATÉGICA DE UMA PARTE MAIOR DA EMBRAER PELOS BRASILEIROS.


(Da equipe do blog) - Não bastasse ter  provocado a demissão de milhares de trabalhadores próprios e de fornecedores e de ter pago mais de 300 milhões de reais para seu ex-presidente, na saída dele da empresa, em janeiro (e depois o pessoal aqui ainda vem falar em cabide de emprego) a Boeing anunciou esta semana que teria encontrado detritos (lascas de metal e até mesmo ferramentas abandonadas) em 70% dos tanques de combustíveis de 50 aviões 737 Max inspecionados. 


As aeronaves faziam parte de 400 exemplares desse modelo fabricados no ano passado que não puderam ser entregues aos compradores devido à proibição de voo imposta por vários países após  acidentes coim dois 737 Max que causaram a morte de 346 tripulantes e passageiros na Indonésia e na Etiópia

Foi para esse primor de empresa que o governo brasileiro autorizou, por decisão inicial de Temer, a entrega de 80% da EMBRAER, a terceira maior fabricante de aviões do mundo.

A desculpa, usada pelos vira-latas de sempre, de que os canadenses da Bombardier teriam feito acordo semelhante com a AIRBUS simplesmente não procede, porque no caso daquele país apenas 50,O1% das ações foram cedidas para os europeus, os acionistas locais da Bombardier continuaram com 31% e o governo da província canadense do Quebec manteve 19% de participação estatal na nova parceria, que envolveu apenas a linha de aviões médios C-Series.

Após o fracasso do lançamento de sua nave de transporte espacial Starliner, para a Estação Espacial Internacional, com um ônus de quase 500 milhões de dólares, em dezembro, e o corte na produção de outros modelos, como o 787 Dreamliner, a Boeing já admite que os prejuízos ligados aos problemas técnicos e de engenharia do 737 Max podem chegar a 18,7 bilhões de dólares, quase 100 bilhões de reais, fora as indenizações pelas mortes das 346 vitimas até agora.

Estimativa que, afirmam observadores, estaria extremamente subestimada, já que parte do pressuposto de que os graves erros técnicos do projeto seriam solucionados a curto prazo, e que companhias aéreas e viajantes de todo o mundo aceitariam voar novamente com o 737 Max, que muitos classificam nos comentários das redes sociais americanas e britânicas como um caixão voador ou “fliying coffin”.

Tudo isso faz com que outros acreditem que o prejuízo poderia variar, na realidade, em caso de devolução das aeronaves já construídas, entre 52 e 200 bilhões de dólares (aproximadamente 1 trilhão de reais) nos próximos 10 anos, para a Boeing, seus fornecedores e companhias de seguro.

Diante da crise financeira e de credibilidade da empresa norte-americana, olimpicamente ignorada por estas bandas pela grande mídia, não seria o caso de o Brasil reconhecer o erro, e, do alto dos 359 bilhões de dólares que ainda temos em reservas internacionais,  aproveitar os problemas da Boeing para estabelecer um plano estratégico para a retomada de ao menos uma parte maior da EMBRAER, uma marca respeitada no mundo inteiro, com sucessos de mercado e de engenharia construídos ao longo de décadas, com total apoio da Aeronáutica e, direta e indiretamente, com dinheiro público de todos os brasileiros ?

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